Festivais - UM PERSONAGEM CONTROVERSO
     
 

PUBLICADA EM 13.02.15

Myrna Silveira Brandão

O destaque ontem da Panorama, mostra destinada a trabalhos de cunho social e qualidade artística, foi I Am Michael, estreia em longas do editor e roteirista Justin Kelly.

O filme – que concorre ao prêmio da crítica internacional e de audiência – foi bem recebido na prévia para a imprensa nesta 65ª edição do Festival de Berlim. 
 
A trama aborda um tema muito interessante e que foge ao que costuma acontecer no caso de pessoas que assumem ser gays ou lésbicas.  Aqui ao contrário, o personagem renuncia à sua homossexualidade.
 
A história se passa em 2007, quando Michael Glatze (James Franco), advogado dos direitos dos gays que havia personalizado sua identidade homossexual, chocou seus amigos e seguidores quando publicamente renunciou à essa condição. 
 
O filme segue tentando explicar o que o terá levado a uma mudança tão extrema.  A narrativa retrocede em anos, quando o idealista Michael, com seu parceiro de longa data, deu força a uma nova geração de jovens gays através de seus textos e filmes.
 
Um dia Michael viu a morte de perto – num encontro muito estressante – que despertou para a necessidade de reconciliar fé e sexualidade.  Ele embarca então numa obsessiva busca por respostas que o leva à fé cristã e à convicção absoluta que “homossexualidade significa morte”.
 
A exploração do tema por Kelly de maneira tão complexa e atraente, faz jus à transformação abrupta de Michael. A intricada estrutura não linear vai crescendo gradativamente e levando os espectadores a simpatizarem com um personagem contraditório e interpretado de forma competentemente dolorosa por Franco.
 
O filme levanta questões complexas sobre a surpreendente capacidade de um homem para criar, destruir e recuperar sua verdade.