Festivais - FILME DE WALTER SALLES É DESTAQUE NO NYFF
     
 

PUBLICADA EM 07.09.15

Myrna Silveira Brandão

“Jia Zhang-ke , um Homem de Fenyang”, de Walter Salles”, foi selecionado para a 53ª edição do Festival de Nova York.

O filme – que será mostrado na prestigiada Mostra Spotlight on Documentary –  é o resultado de filmagens realizadas no norte da China, onde Zhang-ke nasceu, realizou seus primeiros longas-metragens e retrata a vida e o processo criativo do cineasta.
 
No filme, o próprio  Zhang-ke convida a equipe do filme a conhecer a sua história, suas fontes de inspiração e os personagens de seus filmes.  Ele retorna aos locais onde viveu e rodou Xiao Wu, “Plataforma”, “O Mundo”, “24 City”, “Still Life” e “Um Toque de Pecado”.
 
Salles lembrou que foi justamente há 17 anos, que ele teve contato com a obra de Zhang-ke  no Festival de Berlim, quando do lançamento de Central do Brasil no festival.  
 
“O primeiro filme de Jia, “Xiao Wu”, estreou em Berlim em 1998  no mesmo ano em que o meu competiu no Festival e ganhou o Urso de Ouro.  Cada novo filme dele reforça a sensação de que ele se tornou o cineasta chinês que melhor traduz o nosso tempo.  É dessa percepção que surge o filme”, disse Salles, que desde o primeiro momento ficou impactado pela obra do diretor.
 
“Eu fiquei extremamente sensibilizado pela maneira como as lembranças pessoais dele se transformam em memória coletiva.  “Still Life”, por exemplo, é um marco do cinema.  Ele propõe um reflexo do tempo no qual ele está vivendo.  Jia registra alguma coisa que está em mutação naquele momento. O tempo se torna um personagem ”, destacou  Salles contando que a ideia do documentário aconteceu na Mostra de São Paulo em 2007.
 
“O projeto inicial data daí, mas nós só filmamos no período de 2013 a 2014.  Quando a gente conversou , eu disse que gostaria de trabalhar a memória do cinema dele em camadas diversas.  Mas na medida em que a gente foi filmando, ele acrescentou outras coisas como a relação com o pai, ou seja, a memória também afetiva”, contou o diretor, que não encontrou dificuldades em Fenyang para fazer o filme.
 
“Quando a gente faz um documentário, somos constantemente confrontados com o inesperado, mas Jia abraçou o filme de tal forma que tornou tudo mais fácil”, afirmou Salles, expressando o sentimento do que mudou após ele ter realizado o filme.
 
“Foi uma experiência marcante não apenas para mim, mas para toda a equipe.  Acho que o filme caracteriza tanto o diretor quanto a obra que ele construiu” concluiu ressaltando que a extrema sensibilidade e também a simplicidade de Zhang-ke foram fundamentais para a sintonia que foi criada nas filmagens.
 
“Realizar um documentário sobre Jia é uma honra. Como ele mesmo diz, nós não somos estrangeiros, nós participamos do mesmo mundo que é o mundo do cinema”, resumiu.