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PUBLICADA EM 16.09.15
Carlos Augusto Brandão
Apichatpong Weerasethakul tem sido uma presença constante no Festival de Nova York, onde já esteve com Mal dos Trópicos (2004), Síndromes e um Século (2006) e o impactante Tio Boonmee que pode recordar suas vidas passadas (2010).
Seus filmes diferem na natureza, mas o tom místico e surreal vem seguindo a mesma linha desde seu intrigante primeiro longa-metragem, Blissfully yours, de 2002, que o projetou internacionalmente.
Cemetery of Splendour, seu novo trabalho foi muito aplaudido ontem numa prévia para a imprensa nesta 53ª edição do evento.
O filme – que se passa num hospital lotado de soldados em coma – vai sendo gradativamente tomado pelo espectro do sonho. A eles é dito que, no seu sono, eles estão numa guerra lutando em favor de reis inimigos mortos há muito tempo.
Enquanto dormem, são cuidados por uma bondosa voluntária (Jenjira Pongpas Widner) e uma jovem médium (Jarinpattra Rueangram).
A metáfora central é evidente: o sono como um refúgio seguro, como um mecanismo escapista e como uma benção.
O filme segue juntando fenômenos sobrenaturais com fantasmas e traumas nacionais históricos da Tailândia. Para filmar essa fábula espiritual Weerasethakul voltou à sua cidade natal Khon Kaen, com sua selva, montanhas e crenças animistas.
Leia as declarações do diretor sobre o filme e a situação política da Tailândia, que sofreu um golpe militar no ano passado.
Sobre o filme ser uma fábula espiritual
“Cemetery of Splendour é um filme político porque fala da situação atual confusa e absurda do meu País. A única maneira de escapar é dormindo e sonhando”.
Sobre problemas para fazer o filme
“Há outros temas políticos que é melhor não abordar. As pessoas estão assinando documentos prometendo que não falarão mal do país, é preciso ser cuidadoso”.
Sobre a experiência de voltar à sua cidade natal
“Foi uma experiência emocional, mas muito triste, a cidade mudou muito. Na minha mente, só existia minha casa, um cinema e o hospital onde minha mãe trabalhava como médica. Fiquei muito arrependido de não ter ido lá antes”.
Sobre os comentários sobre seu cinema ser tão diferente
“Inicialmente reconheço que de fato ele é diferente. Cada filme que faço tem uma recepção única, mas muitas pessoas assistem e compartilham, as coisas devem seguir assim. Não devo forçá-las a entender ou buscar interpretações”.
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