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PUBLICADA EM 24.09.15
Myrna Silveira Brandão
Em 1961, o psicólogo social Stanley Milgram conduziu o que foi chamado As experiências da obediência, na Universidade Yale.
Decorridos mais de cinquenta anos, o roteirista e diretor Michael Almereyda (de 56 anos) adaptou essa experiência para as telas no thriller “Experimenter”, mostrado hoje (24.09) numa prévia para a imprensa do Festival de Nova York.
Vindo do Sundance, onde foi exibido em première mundial, o filme mostra as respostas de pessoas comuns quando lhes é pedido para aplicar choques elétricos em um estranho.
Apesar de serem choques, 65% das pessoas obedecem às ordens de uma sinistra figura autoritária, vestida com um uniforme de laboratório.
Os resultados kafkianos de Milgram chocaram o mundo e ele foi acusado de ser enganador, monstruoso e manipulador.
Almereyda, por sua vez, evoca uma grande compaixão por esse homem, em parte porque o mostra através dos olhos de Sasha, sua esposa (Winona Ryder, num excelente desempenho), que acreditava plenamente no seu trabalho e no seu profundo propósito moral.
Milgram (Peter Sarsgaard), às vezes fala diretamente para a câmera como se nos incluísse nos seus estudos e nas verdades desagradáveis que revela.
De certa forma, isso induz os espectadores a entrarem em sua mente tumultuada, começando por sua pesquisa sobre a obediência e a constatação de como os tempos nos quais ele viveu, marcaram os inquéritos sobre o comportamento humano, incluindo as descobertas sobre os “seis graus de separação”.
A teoria de “Seis graus de separação” – que tem sido objeto de estudos ligados a redes sociais – afirma que apenas seis pessoas nos separam de qualquer indivíduo no mundo.
O filme de Almereyda procura fugir de polêmicas e tenta transformar tudo que ocorreu em alguma coisa satisfatória, retratando Milgram como uma pessoa que, em última análise, assumiu muitos riscos, o que de fato costuma acontecer com quem desenvolve grandes e inovadoras experiências.
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