|
PUBLICADA EM 24.09.15
Carlos Augusto Brandão
O cinema de Philippe Garrel é centrado nas dificuldades do relacionamento entre os seres humanos e sua busca pela felicidade.
Assim foi, por exemplo, em Amores Constantes (2005) e O Ciúme (2013), ambos mostrados aqui no Festival de Nova York naqueles anos.
Ele agora está de volta ao festival e ao seu tema com o drama À Sombra de uma Mulher, exibido hoje (24.09) numa prévia para a imprensa desta 53ª edição do evento.
No seu novo trabalho, o diretor dirige sua câmera para falar da infidelidade e como homens e mulheres são diferentes quando isso acontece.
Filmado em P&B, o filme segue Pierre (Stanislas Merhar) e Manon (Clotilde Courau), um casal que trabalha em projetos de filmes documentários.
Um dia, Pierre ajuda uma mulher (Lena Paugam), no transporte de uns filmes e acaba se tornando seu amante. Ele acha que tem o direito de fazê-lo, e trata tanto a esposa quanto a amante com displicência, quase chegando ao desdém.
O elenco também conta com Louis Garrel (filho do diretor), que faz a narração do filme. O ótimo roteiro foi escrito a quatro mãos pelo veterano Jean-Claude Carriére, Garrel, Arlette Langmann e Caroline Deruas.
Vindo de Cannes, onde abriu a prestigiada Quinzena dos Realizadores, foi muito aplaudido aqui, onde o diretor de 67 anos é bastante cultuado.
Leia as declarações de Garrel sobre o filme, sua fidelidade ao tema, a opção por P&B e sua parceria com Louis Garrel.
Sobre sua atração pelo tema
“Por mais que os anos passem, acabo gravitando em torno de meus assuntos favoritos, como o amor e o relacionamento humano”.
Sobre a opção pelo P&B
“Ela se deveu inicialmente à necessidade de reduzir custos. Sem cores não é necessário maquilagem para os atores, bem como para os cenários em que há decorações. Também não preciso me preocupar com grandes caminhões para a equipe técnica, o que facilitou muito porque filmamos em um perímetro de 800 metros quadrados de um bairro central de Paris”.
Sobre improvisações
“Nós partimos de um cenário e roteiro bem definidos, não houve improvisações e, de certa maneira, isso contribuiu para otimizar o tempo e obter o resultado que eu havia imaginado em minha mente”.
Sobre os risos da plateia para um tema tão sério.
“Penso que fazer rir é algo que faz bem para nós e para todos. E acho que o cinismo da infidelidade sempre provoca risos nervosos, já esperava por eles”.
Sobre a participação de Louis Garrel nos seus filmes
“É ótimo trabalhar com ele. Da mesma forma que fui influenciado a filmar pela profissão de meu pai acabei trazendo meu filho para o mesmo universo (Philippe é filho do ator Maurice Garrel – 1923/2011). Estamos ligados pelo sangue e pelo cinema”.
|