Festivais - CONFLITOS EXISTENCIAIS
     
 

PUBLICADA EM 23.01.16

Myrna Silveira Brandão

“Maggie’s Plan”, de Rebecca Miller, foi atração ontem da Mostra Spotlight na 32ª edição do Festival de Sundance.

No seu quinto filme, Rebecca vem se especializando na abordagem dos conflitos psicológicos dos seus personagens e como o inesperado pode alterar completamente suas vidas.
 
Assim foi com seus filmes anteriores como, por exemplo, “A Vida Íntima de Pippa Lee”, quando um fato novo provoca uma drástica transformação numa pacata dona de casa ou com “A Balada de Jack e Rose”, um retrato das agruras da vida, ritos de passagem e redenção.
 
Seguindo a mesma linha, “Maggie’s Plan”, é a história da personagem título (Greta Gerwig), cujo plano é ter um bebê com ajuda de um doador. 
 
Já há até um  de plantão (Travis Fimmel), mas tudo muda quando Maggie conhece John (Ethan Hawke), um  professor adjunto da New School, onde ela é administradora.  John vive um casamento infeliz com a brilhante Georgette (Juliane Moore).
 
Os dois se tornam amigos, trocam confidências, se queixam de suas vidas e, como tudo levava a crer, acabam se apaixonando. Três anos depois e já com uma filha, Maggie continua apaixonada, mas vivendo um grande dilema: a suspeita se na verdade John e Georgette é que seriam perfeitos um para o outro.  
 
Seguindo a tradição dos filmes de Woody Allen e Paul Mazursky,  que mesclam drama e comédia, mas sem se afastar do seu estilo muito pessoal, Rebecca dirige “Maggie’s Plan” com pulso firme e ainda aproveita para criticar alguns valores da sociedade americana.
 
Filha de Arthur Miller com a fotógrafa Inge Morath, Rebecca diz que só pensa no grande dramaturgo como uma personalidade famosa quando o assunto é levantado em entrevistas.
 
“Para mim ele é principalmente meu pai, não consigo pensar nas luzes ou nas sombras que ser sua filha poderia trazer para minha carreira”, ressalta a talentosa diretora de 53 anos.