Festivais - A PSIQUE HUMANA NO CINEMA
     
 

PUBLICADA EM 24.01.16

Myrna Silveira Brandão

O destaque ontem da mostra competitiva de dramas no Festival de Sundance foi Christine, de Antonio Campos

Baseado em fatos reais e roteirizado por Craig Shilowich, o filme segue uma repórter da tevê, de  29 anos em Sarasota, na Flórida, no ano de 1974. 
 
Arrogante e ambiciosa, Christine (Rebecca Hall), sabe que tem talento, mas está cheia de dúvidas em sua vida profissional, aliado ao fato que tem um forte desejo de conhecer alguém e começar uma família.
 
O gerente da emissora emite uma nova diretriz para dar aos espectadores o que eles querem mais – ou seja – histórias mais aterradoras – em desacordo com sua marca séria de fazer jornalismo.
 
Mas quando ele decide transferir alguém  para uma estação de maior mercado em Baltimore, Christine recorre ao estilo mais sensacionalista para conseguir o cobiçado lugar, mesmo que isso signifique mudanças na sua forma de trabalhar.
 
Campos, filho do jornalista brasileiro Lucas Mendes e da italiana Rose Ganguzza, retorna ao Sundance onde esteve com Afterschool  e em 2012 com Simon Killer que aborda o universo inquietante de uma escola preparatória americana.  
 
O diretor gosta de temas fortes. Um de seus curtas-metragens, Buy it Now melhor filme em Cannes 2005 na mostra Cinefoundation, segue uma jovem que decide leiloar sua virgindade no eBay.
 
Não por acaso, ter viso Laranja Mecânica aos 13 anos também foi um passo decisivo na intenção de seguir a carreira de diretor.
 
“Eu descobri Kubrick e tive a percepção do que precisaria saber fazer para ser um diretor. Como colocar a câmera, como usá-la, qual a melhor forma de contar a história, inserir a trilha sonora. No ano seguinte, entrei para a New York Film Academy”, contou o diretor numa entrevista à repórter no Festival de Nova York, quando lançou Afterschool.
 
“A experiência foi uma lição inesquecível para mim, tanto em interpretação quanto em direção”, ressaltou lembrando que com oito anos já costumava ir ao cinema com sua mãe e o quanto amava assistir a Indiana Jones, Os Caça-fantasmas e De Volta para o Futuro, que ele via e revia inúmeras vezes.
 
“Mas logo aprendi que o mundo do cinema era muito maior do que eu imaginava e que havia muitos filmes do passado que eu não podia deixar de assistir”, destacou Campos, que tem, entre seus projetos, filmar no Brasil a história de sua família mineira.
 
Como em seus filmes anteriores, Afterschool e Simon Killer, Campos é especialista em trazer a psique humana para o cinema. Neste último, além de exercer seu estilo, oferece um retrato cativante do drama de uma mulher em uma encruzilhada.
 
O filme terá mais quatro sessões em Park City, uma delas no Eccles, maior cinema da cidade no dia 27.