Festivais - ESTRELAS SOB O CÉU DE BERLIM
     
 

PUBLICADA EM 09.02.16

Myrna Silveira Brandão

Começa na próxima quinta feira (11.02) e vai até o dia 21 a 66ª edição do Festival de Berlim, um dos eventos cinematográficos mais importantes do mundo.

Agendado estrategicamente para o mês em que saem as indicações  do Oscar, a Berlinale se firma cada vez mais como a plataforma de lançamento europeia das grandes produções do cinema mundial.
 
 A abertura será com “Hail Ceasar!”, de Joel e Ethan Coen, que será exibido fora de competição.
 
O filme traz um elenco de peso que inclui Josh Brolin, George Clooney, Ralph Fiennes, Jonah Hill, Scarlett Johansson, Frances McDormand, Tilda Swinton e Channing Tarum, entre outros.
 
Ambientada durante os últimos anos da Idade Dourada de Hollywood, no auge do sistema de estúdios, a comédia se passa em um único dia na vida de um profissional do cinema (Brolin) às voltas com uma série de problemas, inclusive manter o astro Baird Whitlock (Clooney) na linha.
 
Os Irmãos Coen voltam ao topo da seleção do festival, onde também abriram o evento em 2011 com o dramático faroeste “Bravura Indômita” e em 1998 apresentaram sua brilhante comédia “O Grande Lebowski”.
 
 
Mostra Oficial
 
 
Um total de 23 filmes –  dos quais 18 em competição – constitui a seção mais importante do festival, cujo júri será presidido pela atriz americana Meryl Streep.
 
A seleção, com um total de 23 filmes, dos quais 18 em competição, mantém o viés político – uma das características do festival – e, neste ano, com ênfase nos movimentos migratórios e de refugiados.
 
A Europa domina a competição trazendo entre os destaques “The Commune”, inédito do dinamarquês Thomas Vinterberg; “Fuocommare”, do italiano Gianfranco Rosi, sobre os refugiados de Lampedusa; “Cartas da Guerra”, de Ivo Ferreira, sobre a guerra colonial (Portugal); “Quand on a 17 ans”, do francês André Téchiné e ainda da França,  em coprodução com a Alemanha, “L’Avenir”, de Mia Hansen-Love.
 
Como costuma acontecer, alguns atores que passaram para trás das câmeras escolheram a Berlinale para lançar seu primeiro longa que, nesta edição,  é o caso do britânico “Genius”. Estrelado por Colin Firth, Jude Law e Nicole Kidman,  marca a estreia do diretor teatral Michael Grandage no cinema. 
 
Os donos da casa mostrarão “24 Weeks”, de Anne Zohra Berrached; e “Alone in Berlin”, drama de Vincent Perez ambientado na era nazista e estrelado por Brendan Gleeson, Emma Thompson e Daniel Bruhl.
 
Um dos mais aguardados dos Estados Unidos  é “Midnight Special”, thriller de Jeff Nichols com Michael Shannon, Joel Edgerton e Kristen Dunst. Também se destaca “Zero Days”, documentário de Alex Gibney (vencedor do Oscar por Um Táxi para a Escuridão – 2007), sobre segurança cibernética. 
 
A coprodução mexicana “Soy Nero”  – sobre um imigrante ilegal –  dirigida pelo iraniano Rafi Pitts, representa a América Latina.
 
Fora de competição é bastante aguardado “Chi-Raq”, musical de Spike Lee, com toda a aristocracia de atores e atrizes negros dos EUA.
 
A atriz americana Meryl Streep é a presidente do júri da mostra competitiva oficial.
 
 
Brasileiros
 
Ausente da competição oficial de longas, o  Brasil concorre ao Urso de Ouro na mostra de curtas-metragens com “Das Águas que Passam”, de Diego Zon, que aborda o cotidiano de um pescador.
 
Numa declaração para o Mccinema, Zon contou que o filme acabou de ser finalizado.
 
“E aparece essa oportunidade de estreá-lo num festival do porte da Berlinale, ainda estou tentando acreditar”, comemora o diretor capixaba. 
 
Dois  títulos brasileiros participam da  Panorama de ficção: “Antes o tempo não acabava”, de Fábio Baldo e Sérgio Andrade; e “Mãe só há uma”, de Anna Muylaert, que em 2015 ganhou o Prêmio de Audiência da Mostra com “Que Horas ela Volta?”. Seu novo filme é a história real de um menino roubado na maternidade que cresce com a família trocada.
 
O Brasil também está presente na Panorama Documenta com “Curumim”, de Marcos Prado, que acompanha os últimos momentos da vida de Marco Archer, brasileiro executado na Indonésia em 2015 por tráfico de drogas.
 
 
Paralelas
 
A Panorama, destinada a filmes de cunho social e qualidade artística  é composta por Panorama Principal, Especial e Documenta.
 
Entre os destaques – além dos brasileiros – está “War on Everyone”, de  John Michael McDonagh, que volta a Berlim com uma sátira locada no Novo México;  “Remainder”, primeiro longa-metragem, de Omer Fast, que explora um gênero cheio de trilhas e fantasias; e “Maggie’s Plan”, de Rebecca Miller, que já tinha competido na Berlinale em  2009 com “A Vida Íntima de Pippa Lee”.
 
“Little Men”, de Ira Sachs, mais um título bastante aguardado, tem uma estreita ligação com o Brasil.  Além de ser roteirizado pelo brasileiro Maurício Zacharias, é uma coprodução da brasileira RT Features.  O filme segue Jacob (Theo Taplitz), de 13 anos, um sensível e tranquilo estudante do ensino médio, com sonhos de ser um artista.
 
Um dos destaques da Fórum – outra prestigiada paralela – é “Dans les Bois”, do francês Fuillaume Nicloux estrelado por Gerárd Depardieu, que vive um solitário caçador.
 
Um total de 14 cineastas brasileiros, entre diretores, produtores, roteiristas, atores, participam da promoção Jovens Talentos, pela qual o Festival leva a Berlim 300 jovens cineastas de 79 países.
 
 
Homenagens e retrospectiva
 
 
O fotógrafo alemão Michael Ballahaus, de 81 anos, será homenageado com um Urso de Ouro honorário, reconhecimento pelo conjunto da obra.
 
O destaque da Berlinale Classics será a première mundial do recém- restaurado em versão digital “Destiny”, de Fritz Lang (1921). 
 
A retrospectiva será a Mostra “Germany 1966 – Redefining Cinema”, dedicada ao cinquentenário de um momento decisivo no Cinema Alemão, com muitos filmes censurados.  Entre outros, serão mostrados dois dos chamados “filmes proibidos” da Alemanha Oriental:  “Karla”, de Hermann Zschoche e “Nascido em  45”, de Jürgen Böttcher.
 
 
 
FILMES DA MOSTRA OFICIAL
 
 
Boris sans Béatrice, de Denis Côté – Canadá
Genius, de Michael Grandage – UK, EUA
Alone in Berlin, de Vincent Perez – Alemanha / França / UK
Midnight Special, de Jeff Nichols – EUA
Zero Days, de Alex Gibney – EUA – documentário
Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira – Portugal
A Dragon Arrives, de Ejhdeha Vared Mishavad – Irã
Fire at Sea, de Gianfranco Rosi – Itália – documentário
A Lullaby to the Sorrowful Mystery, de Lav Diaz – Filipinas
The Commune, de Thomas Vinterberg – Dinamarca
L’avenir, de Mia Hansen-Love – França
Quand on a 17 ans, de André Téchiné – França
Mort à Sarajevo, de Danis Tanovic – Bosnia Herzegovina
United States of Love, de Tomasz Wasilewski – Polônia 
24 Weeks, de Anne Zohra Berrached – Alemanha
Crosscurrent, de Yang Chao – República da China
Hedi, de Mohamed Ben Attia – Tunísia / Bélgica / França (primeiro longa)
Soy Nero, de Rafi Pitts – Alemanha / França / México
 
 
Fora de competição
 
Hail Caesar!, de Joel e Ethan Coen
 
Chi-Raq, de Spike Lee – EUA
Des Nouvelles de la Planète Mars, de Dominik Moll – França / Bélgica
The Patriarch, de Lee Tamahori – Nova Zelândia
Saint Amour, de Benoït Delépine, Gustava Kervern  - França / Bélgica