Festivais - BRASIL SE APRESENTA NA PANORAMA
     
 

PUBLICADA EM 13.02.16

Myrna Silveira Brandão

“Curumim”, de Marcos Prado, foi destaque ontem da Panorama Documenta, na 66ª edição do Festival de Berlim.

Prado –  diretor de “Estamira” e produtor de “Tropa de Elite”, vencedor do Urso de Ouro, de José Padilha em 2008 – subiu ao palco para apresentar  com seu novo filme, que acompanha os últimos momentos da vida de Marco Archer, brasileiro executado na Indonésia em janeiro de 2015 por tráfico de drogas.  A vida pregressa dele também é contada na produção. 
 
Prado conversou com o Mccinema sobre o filme e seu relacionamento com Archer. 
 
“Eu conheço o Marco  – que foi apelidado de Curumim pelos amigos – desde nossa época de  juventude no Rio”, contou Prado, acrescentando que ele  era muito carismático, audacioso e inclusive sobreviveu a graves acidentes.
 
“Acho que isso lhe dava uma sensação de invencibilidade”, avalia o documentarista, que conversou com ele horas antes da aplicação da pena capital.  
 
Mas a intenção de Prado não é romantizar a vida de Archer nem também transformá-lo em uma espécie de herói.
 
“Marco reconhecia que errou e se arrependeu do que fez. A meu ver, as pessoas merecem uma segunda chance, que ele não teve. A intenção do filme é, acima de tudo, humanizá-lo”, revela Prado.
 
O diretor acha que levantar  o tema no filme pode ajudar na discussão sobre as penas capitais no país asiático. 
 
“Sem dúvida, o filme vai chamar a atenção para o assunto. Mas, mesmo que venha a causar uma pressão internacional,  tenho dúvidas se alguma coisa vai mudar por lá”, lamentou.
 
Dois outros filmes sobre pena de morte também estão na Berlinale:  “Já, Olga Hepnarová”, dos tchecos Tomas Weinreb e Petr Kazda ; e “Shepherds and Butchers”, de Oliver Schmitz, coprodução da África do Sul, EUA e Alemanha sobre o apartheid.