Festivais - DRAMA SOBRE REFUGIADOS GANHA O URSO DE OURO
     
 

PUBLICADA EM 20.02.16

Myrna Silveira Brandão

O Festival de Berlim divulgou os vencedores dos Ursos de Ouro e Prata de sua 66ª edição.

“Fuocoammare”, de Gianfranco Rosi, levou para casa o prêmio máximo da mostra oficial  – cujo júri foi presidido pela atriz americana Meryl Streep –  recebendo o almejado Urso de Ouro, na noite do último sábado (20.02).  
 
“Com tantos filmes diferentes e eletrizantes, ficamos particularmente impressionados com um deles. O Urso de Ouro vai para um filme que toca no coração da Berlinale deste ano, e que mostra o que um documentário é capaz de fazer e nos obriga a agir”, ressaltou a atriz.
Desde o início, o filme era o título mais cotado para ganhar o prêmio principalmente pelo tema dos refugiados, o principal foco do festival nesta edição.
 
O documentário foi rodado na ilha mediterrânea de  Lampedusa, um dos locais que se tornaram símbolo da “fuga” africana  para a Europa, e também palco de constantes tragédias e naufrágios. 
 
Rosi agradeceu a Dieter  Kosslick, diretor da Berlinale , por colocar seu  documentário no festival e dedicou Fuocoammare  ao povo de Lampedusa.
 
“Dedico o filme às pessoas de Lampedusa por aceitarem tantos refugiados ao longo dos anos em sua ilha e também àqueles que morreram no mar tentando alcançar uma vida melhor”, disse Rosi bastante emocionado.
 
O Grande Prêmio do Júri foi para Mort à Sarajevo, de Danis Tanovic, que analisa o significado da identidade europeia na perspectiva da Bósnia.  O filme também ganhou o prêmio da crítica internacional (FIPRESCI).
 
O polonês Tomasz Wasilewski ganhou o prêmio de melhor roteiro com  United States of Love, um filme ambientado na Polônia nos anos 1990 logo após o fim do regime comunista. 
 
O Urso de Prata de melhor diretor foi  para a francesa Mia Hansen-Love por L’Avenir, protagonizado por Isabelle Huppert, uma mulher no outono da vida.
 
“Agradeço aos meus produtores e, de forma muito especial, a Isabelle”, destacou Hansen-Love.
 
Majd Mastoura ganhou o Urso de Prata  de melhor ator  em Hedi, de Mohamed Ben Attia, no papel do jovem pressionado entre as tradições do país e as ideias progressistas da Primavera Árabe.
 
Muito aplaudido, Mastoura subiu ao palco e dedicou o prêmio às pessoas que contribuiram para a revolução tunisiana.
 
O Urso de Prata de melhor atriz  foi para Trine Dyrholm em The Commune, de Thomas Vinterberg, interpretando Anna, uma conhecida jornalista de televisão, que é abandonada pelo marido. 
 
Dyrholm agradeceu a Vinterberg por tê-la convidado para fazer o filme.
 
“É uma noite muito especial para mim, estou muito feliz de receber este prêmio do melhor festival do mundo e quero dividi-lo com você”, declarou.
 
O Prêmio Alfred Bauer, para filme inovador e que abre novas perspectivas para o cinema foi para A Lullaby to the Sorrowful Mystery, do filipino  Lav Diaz, um filme com oito horas de duração sobre o processo de independência das Filipinas na segunda metade do século XIX.
 
O Cinema Brasileiro foi contemplado numa categoria ligada ao prêmio Teddy que privilegia produções com temática LGBT.  “Mãe só há uma”, de Anna Muylaert foi eleito o melhor filme pela revista alemã “Manner”, voltada para esse público.
 
PRINCIPAIS PRÊMIOS
 
– Urso de Ouro: Fuocoammare, de Gianfranco Rosi
 
– Urso de Prata – Grande Prêmio do Júri: Mort à Sarajevo, de Danis Tanovic
 
– Urso de Prata – melhor diretor:  Mia Hansen-Love por L’Avenir
 
– Urso de Prata – melhor ator:  Majd Mastoura em Hedi, de Mohamed Ben Attia
 
– Urso de Prata – melhor atriz:  Trine Dyrholm em The Commune
 
– Prêmio de melhor roteiro:  Tomasz Wasilewski por United States of Love 
 
– Prêmio Alfred Bauer – trabalho inovador (uma homenagem ao fundador da Berlinale):  A Lullaby to the Sorrowful Mystery, de Lav Diaz
 
– Prêmio da Crítica Internacional  (Fipresci):   Mort à Sarajevo, de Danis Tanovic
 
– Prêmio Teddy Bear – melhor filme de temática gay: Kater, de Handl Klaus
 
– Prêmio de audiência da Panorama Principal:  Junction 48, de Udi Aloni
– Prêmio de audiência da Panorama Documenta:  Who’s Gonna Love Me Now, de Barak e Tomer Heymann
 
– Melhor filme da Mostra Generation: – Urso de Cristal: The Trap, de Jayaraj Rajasekharan Nair (Índia)
 
– Melhor curta-metragem: A Man Returned, de Mahdi Fleifel (UK, Dinamarca, Holanda)