Festivais - A ARTE DA ANIMAÇÃO
     
 

PUBLICADA EM 24.09.16

Carlos Augusto Brandão

O diretor e design gráfico Dash Shaw adquiriu projeção internacional quando ganhou o Grande Prêmio do Júri do Sundance com seu curta-metragem Seraph.

Considerado um dos artistas mais promissores no mercado de HQs underground nos EUA, Shaw acaba de terminar seu primeiro longa-metragem animado,  My Entire High School Sinking into the Sea, que teve première mês passado no Festival de Toronto e está sendo lançado nos Estados Unidos na 54ª edição do Festival de Nova York.
 
A história, com muitas metáforas e pontos para reflexão,  é sobre amigos tentando superar suas diferenças e também ajudar uns aos outros em tempos de crise.
 
Os personagens, maravilhosamente complexos, são dublados por Jason Schwartzman, Lena Dunham, Reggie Watts, Maya Rudolph e John Cameron Mitchell.
 
O diretor conta que seu interesse por quadrinhos e design gráfico foi quase uma coisa natural.
 
“Meu pai era e ainda é um leitor de quadrinhos, por isso as HQ’s sempre estavam por perto. Eu tive a sorte de, ainda muito jovem, começar a me interessar por quadrinhos porque ele estava sempre me incentivando”, reconhece o diretor, que não nega um viés  autobiográfico no filme.
 
“Eu fiz uma ode aos quadrinhos autobiográficos que se chamou: My Entire High School Sinking into the Sea, inspirada em um conto que apareceu na Mome, antologia trimestral da Editora Fantagraphics. Eu sou um personagem nesse conto. Tentei capturar minhas experiências do colégio na história”, revela.
 
Sobre a criação dos personagens, Shaw conta que a maioria delas vem do seu senso de humor.
 
“Gosto de emparelhar personagens diversos um ao lado do outro, misturar pessoas diferentes interagindo. E no desenho também procuro diversificar colocando pessoas angulares ao lado de pessoas redondas”, afirma detalhando como é o trabalho de criação.
 
“Utilizo uma combinação de um milhão de coisas diferentes: folhas de acetato, tintas guache, canetas pena, cartolina, papel cortado, marcadores e principalmente lápis de cor que torna tudo mais divertido”.
 
E surpreende quando explica sua relação com o computador para o trabalho artístico.
 
“Eu uso o computador para compilar diferentes camadas feitas à mão.  Aí eu imprimo, trabalho sobre elas e digitalizo.  Eu gosto que a página seja uma peça original, o que significa que eu posso olhar para ela, segurar em minhas mãos, em vez de ir direto a um arquivo digital e ser surpreendido”, ensina o diretor, artista e escritor que já esteve no Brasil, participando  da Bienal do Livro do Rio de Janeiro em 2009.  Na ocasião veio lançar seu livro “Umbigo sem Fundo”, ambicioso romance gráfico de 720 páginas.