Festivais - DOCUMENTÁRIO ABRE NYFF PARA O PÚBLICO
     
 

PUBLICADA EM 01.10.16

Carlos Augusto Brandão

“The 13º”, de Ava Duvernay abriu ontem para o público, em première mundial, o Festival de Nova York, o mais importante evento cinematográfico dos Estados Unidos.

Pela primeira vez, um documentário foi o filme de abertura do festival, que está completando sua 54ª edição.
 
Com uma narrativa focada na história de desigualdade racial nos Estados Unidos, o filme mostra como o país tem a maior taxa de encarceramento do mundo, com a maioria dos presos sendo afro-americanos.
 
O título do documentário refere-se à 13ª Emenda à Constituição que estabelece: “Nem a escravidão nem a servidão involuntária, exceto como uma punição para o crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado, deve existir dentro dos Estados Unidos, ou em qualquer lugar sujeito à sua jurisdição”.
 
Com uma potente mistura de imagens de arquivo, depoimentos de importantes vozes –  incluindo Michelle Alexander, Bryan Stevenson, Van Jones, Newt Gingrich, Angela Davis entre outros – e uma grande variedade de ativistas, políticos, historiadores e homens e mulheres anteriormente encarcerados, Duvernay cria uma obra de grande síntese histórica.
 
Kent Jones, diretor do Festival de Nova York e também do Comitê de Seleção, disse que os horrores do encarceramento em massa e a indústria de prisão nos EUA, são trazidos à tona com incrível lucidez pela diretora.
 
“Enquanto eu estava assistindo ao filme, senti como se estivesse experimentando algo raro. Na verdade, Ava está realmente tentando redefinir as condições para questionarmos: onde estamos, como chegamos até aqui, e para onde estamos indo.  “The 13º” é um grande filme e também um inegável ato de patriotismo”, afirma.
 
“É uma verdadeira honra para mim e meus colaboradores a estreia de “The 13th” na noite de abertura do Festival de Nova York”, declara Duvernay, explicando a motivação para ter realizado o documentário.
 
“Este filme foi feito como uma resposta às minhas próprias perguntas sobre como e por que os EUA se tornaram a nação com o maior número de encarcerados no mundo, como e por que nós consideramos alguns dos nossos cidadãos como inerentemente criminosos, e como e por que pessoas boas permitem que esta injustiça continue acontecendo geração após geração”, ressalta a engajada diretora, autora do também contundente  “Selma: uma Luta pela Igualdade” (2014), sobre a luta de Martin Luther King contra a lei da segregação racial e defesa dos direitos da população negra norte-americana.