Festivais - HILÁRIO E DIVERTIDO
     
 

PUBLICADA EM 03.10.16

Myrna Silveira Brandão

A comédia dramática “Toni Erdmann”, da alemã Maren Ade, era um dos favoritos à Palma de Ouro em Cannes.

 Não levou a Palma, mas além da ótima acolhida do público, ganhou o prêmio da crítica internacional – FIPRESCI.
 
Continuando sua bem sucedida carreira, o  filme é um dos destaques da 54ª edição do Festival de Nova York. 
 
A história gira em torno da relação e curiosa dinâmica entre Winfried (Peter Simonischek), excêntrico professor de música, e Inês (Sandra Hüller), sua filha executiva que só pensa na carreira.
 
Os dois pouco se veem, mas após a morte do seu cão de estimação, Winfried faz uma visita surpresa à filha em Bucareste.
 
Preocupado com seu estilo de vida, Winfried decide intervir de uma forma um tanto desastrada. Disfarçado com um terno cafona, uma peruca e uma dentadura postiça, cria Toni Erdmann, conselheiro de executivos que surge em diferentes ocasiões da rotina profissional da, cada vez mais, constrangida Inês. 
 
A estrutura do ótimo roteiro da diretora está na medida certa para suportar os 162 minutos do filme com grandes e pequenas surpresas.
 
Além disso, a segura direção de Ade permite que os atores fiquem livres para eventuais improvisos resultando em ótimos desempenhos, principalmente os dos protagonistas que provocam um misto de risos e lágrimas.
 
Ade explica a forma como concebeu o personagem do velho pai hippie brincalhão.
 
“A impulsiva transformação de Winfried é uma tentativa de quebrar o velho modelo de relacionamento entre pai e filha”, define a diretora concluindo que “A figura de Toni Erdmann nasce do desespero”.
 
Ade afirma que não tinha intenção de que o filme fosse visto como comédia, embora todos fiquem tentando convencê-la de que esse é o gênero do filme.
 
“Na verdade isso não faz muita diferença, mas eu nunca pensei a trama dessa forma”, reitera Ade, que volta ao NYFF, onde em 2009 apresentou o ótimo “Todos os Outros”.