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PUBLICADA EM 08.10.16
Carlos Augusto Brandão
Embora não tenha saído de Cannes com a Palma, onde era um dos favoritos, Toni Erdmann, de Maren Ade, tem tido uma ótima receptividade de público e crítica.
Sem deixar de lembrar que o filme ganhou no festival francês o prêmio da crítica internacional – FIPRESCI, ele é uma das atrações do Festival do Rio.
A história se concentra em Winfried (Peter Simonischek), um excêntrico professor de música, e a bizarra relação com Inês (Sandra Hüller), sua filha executiva que só pensa na carreira.
Inês mora em Bucareste, os dois pouco se veem, mas após a morte do seu cão de estimação, Winfried faz uma visita surpresa à filha.
Parecendo preocupado com seu estilo de vida, Winfried decide intervir de uma forma inusitada. Disfarçado com um terno cafona, uma dentadura postiça e uma peruca, ele cria Toni Erdmann, um conselheiro de executivos que surge em diferentes ocasiões da rotina profissional de Inês, deixando-a cada vez mais constrangida.
A segura direção de Ade deixa os atores livres para eventuais improvisos resultando em ótimos desempenhos, principalmente os dos protagonistas que conduzem a reação da plateia para um misto de risos e lágrimas.
Além disso, para passar a curiosa dinâmica entre pai e filha, a estrutura do ótimo roteiro da diretora preenche com louvor os 162 minutos do filme com grandes e pequenas surpresas.
Ade avisa que não tinha intenção de que o filme fosse visto como comédia, mas todo mundo fica tentando convencê-la de que, sim, é uma comédia.
“Na verdade isso não faz muita diferença, mas eu nunca pensei a trama dessa forma”, afirma Ade explicando a forma como concebeu o personagem do velho pai hippie brincalhão.
“A impulsiva transformação de Winfried é uma tentativa de quebrar o velho modelo de relacionamento entre pai e filha”, diz complementando:
“A figura de Toni Erdmann nasce do desespero”, conclui a autora do também ótimo “Todos os Outros”.
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