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PUBLICADA EM 11.10.16
Carlos Augusto Brandão
É sempre motivo de celebração quando um clássico brasileiro rodado em 1959 e inédito no circuito comercial é finalmente mostrado em tela grande.
Foi o que aconteceu ontem na noite de gala do filme “É um Caso de Polícia” na Mostra TESOUROS da 18ª edição do Festival do Rio. Foi uma sessão memorável e emocionante ver o filme encontrar seu público quase sessenta anos depois.
Único longa-metragem dirigido pela diretora de teatro e televisão Carla Civelli e seriamente ameaçado de perda, “É um Caso de Polícia” foi restaurado em projeto criado e coordenado por Patrícia Civelli, Diretora da Memória Civelli Produções Culturais e sobrinha da diretora.
A restauração ótica foi realizada por Francisco Sério Moreira - Chico (1952-2016), no MAM e na Labocine e a digital posteriormente pela TeleImage. A marcação de luz foi o último trabalho do consagrado fotógrafo Mário Carneiro.
O filme, que tem argumento e roteiro de Dias Gomes, marca a estreia como protagonista da atriz Glauce Rocha no cinema e é também um resgate de memória do Rio, mostrando vários locais da cidade como eram na época. Traz cenas, por exemplo, do morro da Rocinha coberto pela mata e ainda sem a comunidade atual.
Comédia dramática com viés de thriller, a trama segue uma jovem, aficionada por crimes e histórias policiais. Um dia, ela escuta uma conversa de dois homens sobre a melhor forma de praticar um assassinato e resolve segui-los.
Nascida em Milão (Itália) em 1921, Carla veio para o Brasil em 1947 com o marido, o diretor de teatro e cinema Ruggeo Jacobbi. Foi diretora dos Estúdios Cine Castro, no Rio de Janeiro e a primeira mulher a dirigir teleteatro, na antiga TV Rio.
Como montadora trabalhou na Vera Cruz, Maristela, Multifilmes e Atlântida, tendo editado, entre outros, O Mestre de Apicucos e O Poeta do Castelo, de Joaquim Pedro de Andrade e O Craque, de José Carlos Burle.
“É um Caso de Polícia”, é mais uma demonstração do seu talento e exemplo de uma obra que jamais poderia ser perdida e desfalcada do Cinema Brasileiro. Em boa hora, graças à Patrícia e ao saudoso Chico, ele incorpora nosso acervo fílmico e encontra seu público.
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