PUBLICADA EM 15.11.16

Carlos Augusto Brandão

O Festival de Berlim (09 a 19.02) anunciou os filmes da tradicional Mostra Retrospectiva de sua 67ª edição

A programação é dedicada aos filmes de ficção científica e mostrará títulos do gênero desde os seus primórdios com foco em dois temas:  “A sociedade do futuro” e “O estranho e o outro”.
 
Será mostrado um total de 27 títulos  internacionais, incluindo clássicos, filmes cultuados e produções pouco conhecidas  de locais como o Japão e a Europa Central e Oriental.
 
Ao fazer o anúncio, Dieter Kosslick, diretor do Festival, lembrou que a ficção científica é um dos gêneros cinematográficos mais bem sucedidos comercialmente na história do cinema.
 
“Os mundos possíveis na terra ou no espaço abrem um vasto campo para redefinir questões de visões e até retratar medos coletivos.  Sendo uma espécie de espelho para os debates públicos da sociedade, os filmes de ficção científica são extremamente atuais”, complementou Kosslick.
 
O apelo especial destes filmes nos fornece uma experiência sensorial de um futuro distante, embora as visões positivas desse futuro tendam a ser a exceção.
 
O gênero é dominado por representações de distopias que muitas vezes trazem uma visão pessimista como é o caso da distopia ambiental retratada em  “No Mundo de 2020” (Soylent Green), de Richard Fleischer –  EUA 1973, um dos que será mostrado. O filme retrata um mundo em que há uma competição intensa por água, alimentos, acomodações e onde os seres humanos são reciclados como o lixo.
 
Serão também exibidos títulos focados em narrativas sobre sistemas totalitários e vigilância onipresente, como é o caso da  primeira versão cinematográfica do famoso romance de George Orwell “1984”,  dirigido por Michael Anderson, UK / EUA 1956.  
 
Outra atração traz a visão memorável do diretor George Lucas de um futuro tecnocrata em “THX  1138 – EUA 1971 – sobre uma sociedade eficiente e totalmente automatizada, na qual as emoções e a livre vontade do indivíduo são suprimidas com medicação.
 
A Mostra também trará subgêneros como os  filmes pós-apocalípticos em que a Terra se tornou inabitável.  Em “O-bi, O-ba: O fim da civilização”, de Piotr Szulkin, Polônia 1985,  os sobreviventes de um holocausto nuclear recuam para uma vida subterrânea.  Quando toda a ordem civilizada é aniquilada, a violência e o caos governam, mas também surgem novas formas de comunidade.
 
“Outro estranho ou desconhecido” é outro aspecto onipresente nos filmes de ficção científica.  O gênero é repleto de cenários que têm seres humanos entrando em contato com formas de vida extraterrestres e ideias sobre como eles vivem.
 
O filme dinamarquês Himmelskibet  (A trip to Mars), de Holger-Madsen, que estreou em 1918 é um deles, tornando-o um dos primeiros filmes de ficção científica até então filmado.  Ele evoca uma visão muito pacífica de uma expedição a Marte e o encontro com as formas de vida que vivem lá. 
 
Fazem também parte da Mostra:  “World of Space”, de Köji Shima – Japão – 1956; “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, de Steven Spielberg  – EUA – 1977; “A Guerra dos Mundos, de Byron Haskin” – EUA – 1953; e “Pilot Pirx’s Inquest”, de Marek Piestrak – Polônia / URSS – 1979.
 
 
“Ao selecionar os filmes, fomos inspirados pelo tema da nossa exposição “Things do Come”.  Mas a Retrospectiva tem um olhar na história do gênero e mostra mundos imaginários, incluindo filmes de países como a Dinamarca, Japão, Polônia e Tchecoslováquia”, explica Rainer Rother, diretor da retrospectiva do festival e diretor artístico da Cinemateca Alemã.
 
A publicação que acompanha a Retrospectiva, pela primeira vez, será lançada apenas em inglês. O volume ricamente ilustrado contará com ensaios de renomados autores internacionais, que mergulham no cinema de ficção científica no contexto do seu cinema nacional.
 
O Museu de Arte Moderna de Nova York tem sido parceiro da Retrospectiva desde 2011.  No verão de 2017, o MOMA apresentará uma exposição relacionada e abrangente  de filmes de ficção científica, organizada por Joshua Siegel, Curador de Filmes do MOMA.