Festivais - SUNDANCE DÁ PARTIDA À COMPETIÇÃO DE DOCUMENTÁRIO MUNDIAL
     
 

PUBLICADA EM 21.01.17

Myrna Silveira Brandão

No Festival de Sundance, os documentários tem, cada vez mais, um espaço privilegiado.

Além da mostra de documentários americanos, há outra especialmente dedicada aos estrangeiros, além do gênero estar também inserido em várias outras seções.
 
A Documentário Mundial que é dedicada especificamente aos diretores estrangeiros deu início ontem às exibições dos concorrentes da mostra.
 
O filme de abertura foi The Workers Cup, de Adam Sobel (UK), que foi mostrado numa sessão de gala, no horário nobre das 9:30 PM, no  Egyptian, o cinema mais emblemático de Park City.
 
A história tem início quando a FIFA selecionou o Qatar para sediar a Copa do Mundo de 2022. O país, que é rico em petróleo,  usou seus vastos e ricos recursos para começar a construir estádios e instalações de última geração utilizando milhões de trabalhadores migrantes. 
 
O filme acompanha um grupo desses homens – da Índia, Quênia, Nepal e Gana – que, confinados em acampamentos isolados e trabalhando horas árduas por salários inviáveis, anseiam  ansiosamente  pela hora em que  vão competir em um torneio de futebol próprio.
 
Enquanto o torneio equivale, na verdade,  a pouco mais do que um estratagema de marketing , os trabalhadores abraçam a rara oportunidade de relaxarem e competirem para provar que podem também ser campeões de futebol.
 
O documentário profundamente observador de Adam Sobel – que é estreante em longas-metragens – justapõe os estádios recém-instalados onde os trabalhadores competem com os apertados cômodos para onde eles voltam à noite.
 
Com uma lente afiada, Sobel mostra a força de vontade coletiva e a humanidade dos homens que se recusam a permitir que as circunstâncias difíceis sepultem sua única chance de ganhar um torneio nos próprios estádios em que os trabalhadores do Qatar se sacrificaram tanto para construir.