Festivais - A ETERNIDADE COMO METÁFORA
     
 

PUBLICADA EM 28.01.17

Carlos Augusto Brandão

“I Dream in Another Language”, de Ernesto Contreras, é um concorrente de peso na Mostra Cinema Mundial do Sundance, na qual também compete “Não Devore meu Coração”, de Felipe Bragança.

O filme de Contreras segue Martin, que  chega uma remota aldeia mexicana para gravar uma língua indígena, que está  em extinção.  Lá encontra os dois últimos oradores do idioma, mas eles se recusam a falar um com o outro por causa de um ressentimento de 50 anos.
 
Martin descobre que Evaristo brigou com Isauro porque eles se apaixonaram pela mesma mulher. Agora viúvo, Evaristo continua evitando  Isauro,  que está muito doente.
 
Lluvia, neta de Evaristo,  tenta convencê-los a se reconciliarem. Aos poucos, Martin vai percebendo que há muito mais por trás da história, até que Lluvia finalmente revela o segredo que envolve os fatos entre os dois homens.
 
À medida que a saúde de Isauro vai ficando debilitada, Evaristo luta para chegar a um acordo com seus sentimentos.  Paralelamente,  estranhas chamadas de pássaros do fundo da selva começam a acontecer, evocando a origem mítica de seus ancestrais.
 
O filme tem um tom enigmático, que permeia as vibrações do encantamento da selva através do som e da cinematografia.
 
Os irmãos Contreras – Ernesto e Carlos, que formam  um duo de diretor e roteirista –  usam imaginativamente a linguagem, a metáfora e a eternidade para tecer uma história de amor inesperada e transcendental.