Festivais - DE VOLTA À BERLINALE
     
 

PUBLICADA EM 14.02.17

Myrna Silveira Brandão

Beuys, de Andres Veiel, foi o destaque ontem da mostra oficial competitiva da 67ª edição do Festival de Berlim.

Veiel é mais um diretor que retorna à Berlinale, onde esteve em 2011 com “If not us, Who?”, que concorreu ao Urso de Ouro naquele ano.
 
Nesta edição ele volta com “Beuys”, documentário sobre Joseph Beuys (1921-1986), mítico artista alemão, que realizou seu trabalho em vários meios e técnicas incluindo escultura, performance, vídeos e instalações. Foi um dos pioneiros do movimento ambientalista alemão e teve participação ativa na política.
 
Considerado um dos mais influentes artistas da segunda metade do século XX, sua obra tornou-se cada vez mais motivada pela crença de que a arte deve desempenhar um papel fundamental na sociedade.
 
Veiel, por sua vez, tem focado sua obra fundamentalmente nos documentários, embora eventualmente tenha  realizado  ficções, caso, por exemplo, de “If not us, Who”.
 
Mas o diretor diz que só vê relevância no formato documental se a trajetória do retratado for além de sua vida e conseguir passar algo universal.
 
“Estou particularmente interessado na turbulência histórica e econômica e também no contexto político e social de uma biografia”, ressaltou o diretor na coletiva após a projeção.
 
“Desde que a biografia inclui um período de tempo, ela naturalmente também fala sobre  marcos históricos e econômicos da vida de uma pessoa”, complementou fazendo referência a Beuys.
 
“No caso de Joseph Beuys eu estava particularmente interessado no emaranhado do seu pensamento político radical com sua biografia e sua arte”, explicou, ressalvando que a escolha pelo formato – mesmo no caso de biografias – depende muito  dos depoimentos e entrevistas que possa obter.
 
“A decisão para realizar um documentário ou uma ficção  tem a ver com o fato de que muitas pessoas que poderiam dar depoimentos relevantes recusam-se a comparecer perante a câmera. A solução então é a realização ficcional. Animações ou outros meios não me interessam e eu também não gosto do docudrama, que considero mais apropriado para televisão”, afirmou o cineasta de 58 anos, que é um dos representantes do país anfitrião na disputa pelo Urso de Ouro desta edição.
 
Se Veiel ganhar, o troféu máximo da Berlinale irá novamente para um documentário, como foi o caso na edição passada de Fogo no Mar, de Gianfranco Rosi.