PUBLICADA EM 16.02.17

Carlos Augusto Brandão

A participação brasileira nesta 67ª edição da Berlinale é bastante expressiva

 Inclui dez filmes nas paralelas e a disputa do Urso de Ouro  em longas-metragens com “Joaquim”, de Marcelo Gomes, e em curtas-metragens com “Estás Vendo Coisas”, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.
 
O curta – que é um exercício de observação do fenômeno da produção e circulação de imagens que sustentam a economia da cena de música brega do Recife – estreou ontem aqui numa sessão destinada ao formato, seguida de um debate com os diretores.
 
Escrito e encenado por participantes do Brega, a história acompanha dois personagens principais – o cabeleireiro / MC Porck e a bombeira / cantora Dayana Paixão – em seus percursos entre o estúdio e o palco.
 
Semelhante a um musical, “Estás Vendo Coisas”  é filmado no interior de uma casa noturna, onde gestos são seguidos de canções sobre amor, fidelidade, sucesso e riqueza.
 
Retirada de seu contexto mediatizado, a linguagem do Brega é desconstruída e rearranjada a fim de expor o vocabulário do espetáculo  como uma nova forma de trabalho.
 
A diretora explicou que na paisagem social e profissional da música Brega do Recife, a indústria dos videoclipes é catalisadora de uma ideia de futuro pontuada pelo desejo de sucesso.
 
“A proposta do filme é observar esse mundo onde a auto regulação e a manipulação da imagem têm papel crucial na construção da voz, status e identidade de toda uma nova geração de artistas populares”, diz Bárbara lembrando que Brega é um termo informal usado para definir várias formas de música popular de massa, que foram produzidas no Brasil desde os anos 70 e são fortemente associadas a uma noção de mau-gosto. 
 
“Diferentemente de abordagens que comumente satirizam o assunto e enfatizam seus aspectos carnavalescos “Estás Vendo Coisas” adota um tom psicológico e melancólico para refletir em como uma expressão cultural responde a uma condição da economia”, ressalta.