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PUBLICADA EM 16.02.17
Myrna Silveira Brandão
O cineasta Marcelo Gomes (do cultuado Cinema, Aspirina e Urubus) estava exultante com a estreia mundial hoje (16.02) de seu novo filme Joaquim.
A seleção coloca o Brasil novamente na disputa do Urso de Ouro, três anos após Karim Aïnouz ter estado na competição com “Praia do Futuro” e nove anos depois que José Padilha trouxe o prêmio para o Brasil com “Tropa de Elite”.
Gomes volta ao festival, onde esteve em 2014 como roteirista de “O Homem das Multidões”, de Cao Hamburger, que participou da Panorama.
Seu novo longa é centrado na figura de Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792), o soldado do Império que se transformou no líder da Inconfidência Mineira.
Mas o diretor decidiu focar a história no homem comum que Joaquim foi, antes da construção do mito que depois ele se tornaria, e tentar entender como se deu o processo de transformação do alferes Joaquim José da Silva Xavier, que passou à história como Tiradentes.
Para a coletiva com a imprensa – após uma sessão prévia de “Joaquim” – Gomes chegou acompanhado dos atores do filme, que foram recebidos com aplausos, principalmente Julio Machado, que interpreta o protagonista.
O diretor começou explicando a decisão de centrar a história na dimensão humana do retratado.
“Nos filmes sobre a Inconfidência Mineira, o personagem Tiradentes é representado sempre de uma forma glorificante, mítica e por vezes até endeusado. Eu quis retratá-lo como um brasileiro comum: seus defeitos, contradições, ambiguidades, com um caráter verdadeiramente humano”, detalhou Gomes, destacando que queria entender o que levou um alferes da guarda real a tomar parte em um movimento conspiratório contra a coroa portuguesa.
Machado – que tem um excelente desempenho no papel título – contou como se preparou para viver o personagem.
“A preparação é sempre algo que a direção aponta e nós, atores, procuramos nos adequar ao que está sendo proposto. Eu tive a felicidade de ficar sentindo aquele ambiente e aqueles cenários, o que me deu oportundiade de me integrar a ele”, ressaltou.
A coletiva continuou abordando temas em torno do cerne do filme e dos fatos históricos e sociais, que segundo o cineasta, ainda estão presentes nos dias de hoje.
Ao final, Gomes leu (e distribuiu) uma carta dirigida à comunidade cinematográfica internacional, que conclui “pedindo às instituições, produtores e realizadores de todo o mundo que apoiem a luta e a manutenção de todos os tipos de audiovisual no Brasil”.
A sessão de gala do filme para o público acontecerá hoje à noite no Palácio dos Festivais.
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