Festivais - OS MISTÉRIOS DA VIDA
     
 

PUBLICADA EM 17.02.17

Carlos Augusto Brandão

Hong Sang-soo volta à mostra oficial da Berlinale, onde disputou o Urso de Ouro em 2008 com “Noite e Dia” e em 2013 com “Filha de Ninguém”.

O cineasta sul-coreano apresentou ontem nesta 57ª edição do evento, seu novo filme, “On the Beach at Night Alone”, que segue a linha recorrente do seu trabalho com muitas metáforas e simbolismos.
 
O filme é mais um exemplo do seu estilo muito pessoal. Seu estranho cinema nem sempre tem os aplausos da crítica e do público.  
 
Mas alheio a isso e realizando uma média de dois filmes por ano, ele continua contando suas histórias, ao mesmo tempo simples e complexas e, para isso, seu talento é inegável. 
 
O filme segue uma atriz que vagueia em torno de uma cidade à beira-mar, refletindo e ponderando sobre seu relacionamento com um homem casado.
 
O filme traz uma trama inusitada  repleta de mistério e sofisticações. Num estilo próximo a uma   Nouvelle Vague dos dias de hoje,  Sang-soo constrói uma história centrada em aleatoriedade e probabilidades.  
 
O diretor de filmes como “A Visitante Francesa”, “Hahaha”, “Montanha da Liberdade” (Hill of Freedom) e “Certo Agora, Errado Antes”, tem um estilo bem diferenciado e seguidores fieis que admiram sua obra. 
 
Sangsoo conversou com os jornalistas sobre o filme e sua opção de realizar trabalhos tão diferentes. Leia os principais trechos:
 
Qual a motivação para um cinema tão inusitado?
 
“Entre as razões, tento sempre buscar a originalidade e fiz isso em “On the Beach at night alone,”.  Não gosto de abordar temas banais ou até repetir aqueles que já foram abordados no cinema  quase à exaustão, incluindo alguns que dirigi”.
 
Seguiu seu conhecido método de trabalhar sem roteiro nesse seu novo filme?
 
“Sim, sempre prefiro trabalhar sem um roteiro acabado, por isso nem sempre dou conhecimento prévio aos atores quando os convido para participar do elenco. É claro que preciso apresentar previamente um argumento para o produtor, mas as cenas eu prefiro definir na manhã em que serão filmadas, inspiradas em momentos que vão surgindo, nas coisas que acontecem naquele dia”.
 
Como consegue um tom tão natural dos seus atores?
 
“Após ter delineado o perfil dos personagens, eu converso com os atores e procuro me inteirar sobre eles: sua vida, seu passado, seus interesses e, se for necessário, reformulo coisas. Não trabalho com ideias imutáveis, filmar é um processo, etapa por etapa e é preciso um forte trabalho de equipe”.