Festivais - NETFLIX PROVOCA POLÊMICA EM CANNES
     
 

PUBLICADA EM 20.05.17

Carlos Augusto Brandão

“Okja”, do sul-coreano Bong Joon Ho, era um dos títulos mais esperados nesta 70ª edição do Festival de Cannes.

Era o primeiro contato do público com a produção da Netflix – que não será exibida em salas de cinema – e que gerou polêmica no festival entre os defensores do cinema tradicional e dos serviços de streaming.
 
O próprio Presidente do Júri, Pedro Almodóvar, disse que se sentiria incomodado de dar a Palma de Ouro a um filme que não será exibido em salas de cinema. 
 
O comentário de Almodóvar, no entanto, não incomodou muito o diretor sul-coreano, que preferiu não polemizar. “O que acontecer com o filme estará bom para mim e sou  fã de Almodóvar”, desconversou.
 
O filme segue a executiva (Tilda Swinton) de uma empresa que atua na área dos transgênicos. O filme abre com a personagem explicando que a companhia criou uma série de super porcos e que os entregou a pequenas fazendas ao redor do mundo com planos de que, no futuro, os enormes bichos virem comida produzida em escala industrial.
 
Um desses super porcos é o Okja do título, gigantesca fera mansa que mora nas montanhas coreanas sob os cuidados da garotinha Mija (Ahn Seo-Hyun).
 
“Okja” descreve a amizade entre Mija e esse leitão gigante, resultado de experiências genéticas de agroquímica americana.
 
Tilda Swinton, que é também coprodutora do filme lembrou que não veio a Cannes para obter prêmios, mas para mostrar “Okja” ao mundo e que Cannes é uma tela importante.
 
“Acho que há espaço para todo mundo”, ressaltou.
 
Tanto o diretor quanto Tilda reconhecem que o filme tem inspiração no trabalho do japonês Hayo Miyazaki (“A viagem de Chihiro”, 2001).
 
“Há algo nos filmes de Miyazaki que vai além da questão da nossa relação emocional com o meio ambiente.  Eles também fazem alusão a outro ambiente, o da infância, que é um lugar pra onde podemos ir”, ressalta o diretor.