publicada em 18.02.18

Carlos Augusto Brandão

La Priere, de Cédric Kahn, representante da França, foi o destaque ontem da mostra competitiva da 68ª edição do Festival de Berlim.

O filme segue Thomas (Anthony Bajon),  de vinte e dois anos de idade, que não consegue se livrar das drogas. Sua última chance é uma comunidade de jovens de diferentes países e origens sociais que também querem superar seus vícios e estão vivendo juntos em uma casa remota nas montanhas francesas.  Supervisionados por um sacerdote católico, seus dias giram em torno da oração regular, da solidariedade e do trabalho duro nos campos. 
 
A princípio resistente às rígidas normas de conduta que regulam a vida dentro da fraternidade, o jovem acaba se adaptando à disciplina de muito trabalho físico e abstinência.  Depois de meses lutando contra as próprias fraquezas, um incidente ocorrido durante uma excursão pelas montanhas, interpretado como chamado religioso, o estimula a tornar-se seminarista.  Mas uma paixão pode interferir na descoberta da fé.
 
O filme é resultado de uma série de encontros, o principal deles foi com o autor de pesquisas sobre experiências religiosas com viciados em drogas. 
 
A veterana atriz alemã e ex musa de Rainer Werner Fassbinder, faz uma pequena porém importante participação no filme. 
 
Na coletiva após a projeção, o diretor falou sobre a motivação para fazer o filme.
 
“A ideia de um drogado que se torna uma pessoa religiosa me parecia fascinantes, queria investigar o momento em que o vício é substituído pela religião” – contou Kahn, 51 anos.
 
A estrela de Lili Marlene (1981) dividiu suas impressões sobre a contribuição da religião na vida das pessoas.
 
“Eu cresci no campo. Meu pai nos ensinou a rezar quando eu ainda era uma criança.  Mais importante do que isso, ele ensinou a dizer obrigado ao final de cada dia porque, se prestarmos atenção ao que a vida nos dá no cotidiano, há muito o que agradecermos antes de colocarmos a cabeça no travesseiro para dormir. Todos nós precisamos ter fé em nós mesmos.  Não precisamos orar todos os dias, mas devemos avaliar como nos comportamos naquele dia”, explicou a atriz de 74 anos.