Festivais - BRASIL GANHA O PRÊMIO DA CONFEDERAÇÃO DAS ARTES EM BERLIM
     
 

PUBLICADA EM 24.02.18

Myrna Silveira Brandão

“Tinta Bruta”, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, selecionado para a Panorama da 68ª edição da Berlinale, ganhou o prêmio da C.I.C.A.E – International Confederation of Art Cinemas.

O filme  conta a história de Pedro (Shico Menegat), um jovem que tenta sobreviver em meio a um processo criminal e à súbita decisão de sua irmã de se afastar e deixá-lo. Sob o codinome Garoto Neon, Pedro se apresenta no escuro do seu quarto para milhares de anônimos ao redor do mundo pela Internet. Com o corpo coberto de tinta, ele realiza performances eróticas na frente da Webcam.
 
Os diretores retornam à Berlinale, onde em 2015 apresentaram “Beira-Mar”,  premiado em vários festivais, inclusive no Festival do Rio, com o  Prêmio Especial do Júri.
 
Ao receber o importante prêmio da C.I.C.A.E  o diretor agradeceu ao júri e à Berlinale e referindo-se à situação política brasileira disse:
 
“Não estamos vivendo bons dias no Brasil. Esperamos que nossa democracia brilhe novamente”.
 
O filme  também ganhou o Teddy Award, na categoria ficção. O prêmio – destinado a  produções que abordam a temática LGBT – é concedido por um júri independente.
 
Em entrevista ao Mccinema,  Matzembacher, falando em nome da dupla,  explicou a motivação para realizar “Tinta Bruta”.
 
“O filme surgiu da vontade de falar sobre despedidas, raiva e resistência. Inicialmente a narrativa veio de um curta-metragem que realizamos, “Quarto Vazio”, mas durante o processo, o roteiro foi modificado”, revela o diretor, expressando o que representa para o filme esta volta ao festival.
 
“Estamos muito felizes com a estreia de “Tinta Bruta” na Panorama.  É uma mostra que admiramos e muitos filmes que marcaram nossas vidas passaram por ela, então exibir nosso segundo longa-metragem no evento é um prazer imenso.  O retorno ao festival é muito importante para dar visibilidade ao filme, que é um filho muito precioso para nós.  Estamos há quatro anos trabalhando nele”, diz Matzembacher destacando a parceria com Reolon.
 
“Nosso processo é bastante coletivo. Fazemos tudo juntos, desde a escrita do roteiro, os ensaios e acompanhamento da pós-produção. Temos bagagens muito semelhantes (ambos somos também atores, por exemplo), mas alguns focos distintos também contribuem para o nosso trabalho, como aconteceu neste”, diz o diretor, manifestando sua satisfação com a boa receptividade do público para “Tinta Bruta”.
 
“Um dos pontos altos da Berlinale é justamente essa participação viva do público, que consegue esquentar Berlim em pleno inverno”, compara complementando.
 
“Esperamos ansiosos pelas sessões do filme no Brasil”.