Festivais - FILME SOBRE DIVERSIDADE É PREMIADO EM BERLIM
     
 

PUBLICADA EM 24.02.18

Myrna Silveira Brandão

“Bixa Travesty”, de Kiko Goifman e Cláudia Priscilla ganhou o Teddy Award, na categoria ficção, na 68ª edição da Berlinale.

O prêmio – destinado a  produções que abordam a temática LGBT – é concedido por um júri independente e, na categoria Documentário,  também foi ganho por um filme brasileiro: “Tinta Bruta”, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon.
 
Selecionado para a Panorama,  “Bixa Travesty” segue a cantora transexual paulista Linn da Quebrada. Ela é a força motriz desse documentário que a captura em sua esfera pública e privada, ambas marcadas não só por sua forte presença de palco, mas também por sua incessante luta pela desconstrução de estereótipos de gênero, classe e raça.
 
Goifman é diretor dos celebrados “33”  e “Filmefobia”. Claudia, sua mulher, foi premiada no Festival de Paulínia em 2010, com “Leite e Ferro” sobre presidiárias que amamentam seus filhos na cadeia. Em 2012, eles lançaram “Olhe pra mim de novo”, que dirigiram juntos e esteve na Berlinale naquele ano. 
 
Lembrando que falava em seu nome e no de Cláudia, Goifman conversou com o Mccinema sobre o filme e a expectativa com a seleção em Berlim.
 
Como você está vendo essa volta à Berlim?
 
“É um prazer imenso voltar a Berlinale. Tivemos uma experiência única aqui com dois filmes em 2006.  Claudia com Sexo e Claustro (Panorama de Curtas) e eu com Atos dos Homens (Fórum). E repetimos em 2012 com “Olhe pra mim de novo”, que dirigimos juntos.  Nada melhor do que voltar agora. Numa palavra, maravilhoso!.”
 
Como foi o retorno para esses filmes?
 
“Fizemos vários contatos fundamentais para esses e  outros filmes. Contribuiu muito o fato de termos tido sessões sempre lotadas.  E além de tudo, adoramos a cidade e o festival”.
 
Qual receptividade você espera para este novo trabalho? 
 
“Nossa expectativa é grande, estamos ansiosos, mas bem otimistas. Berlim é uma cidade que respeita o outro, é um lugar onde a diversidade é vista com bons olhos. Isso para o  nosso filme é muito importante”. 
 
Diante disso, qual a expectativa para os debates?  Como você viu com Atos de amor (sobre a chacina de Queimados) e “Olhe pra mim de novo”, o público aqui é bem participativo.
 
“Nossa expectativa é de boas sessões e, principalmente muita discussão, após a projeção no Q&A. A ideia é aproveitar para conversar, debater e dialogar. Isso é muito legal pra gente e, no caso desse filme, é fundamental”.
 
 É um tema recorrente?
 
“Sim, nossas escolhas tem girado de fato em torno de questões como preconceito, genética, maternidade, todas muito fortes no filme. A Cláudia sempre se interessou por temáticas ligadas ao corpo e à sexualidade”.