|
Publicado em 26.02.23
Myrna Silveira Brandão
O Festival de Berlim anunciou os vencedores dos Ursos de Ouro, Prata e Cristal de sua 73 edição.
A diretora do festival Mariëtte Rissenbeek e o diretor artístico Carlo Chatrian deram início à cerimônia de gala celebrando o aspecto político do festival, de grande importância para os realizadores.
Rissenbeek agradeceu a Vladimir Zelensky por seu depoimento em vídeo apresentado na cerimônia de abertura do evento. E expressou sua simpatia pelas vítimas da tragédia humanitária ocorrida após o terremoto na Turquia e na Síria, ocorrido apenas alguns dias antes da realização da Berlinale.
“Sur l’Adamant”, de Nicolas Philibert (França) foi o grande vencedor do Urso de Ouro.
O filme, realizado com uma narrativa documental, se passa em um centro psiquiátrico com uma estrutura flutuante única localizada no meio do rio Sena, no centro de Paris.
Philibert começou exclamando: “Vocês são loucos ou o quê”? a seguir disse que como seu inglês não era bom e não seria capaz de improvisar, iria então ler algumas palavras. “É curto, prometo”.
Antes agradeceu aos parceiros, dedicou o filme à sua filha e leu o texto que ao final expressa um desejo seu.
“Gostaria de algo sobre uma humanidade comum, o sentimento de compartilhar um mesmo mundo”, destacou bastante emocionado.
“Afire”, de Christian Petzold (Alemanha) ganhou o Urso de Prata de Grande Prêmio do Júri. O consagrado cineasta disse que estava muito feliz e honrado. “Quero agradecer ao júri e aos atores fantásticos com os quais passei o verão e também a todas as pessoas por trás das câmeras”.
O Prêmio do Júri foi para “Mal viver”, de João Canijo (Portugal).
O filme conta a história de uma família de cinco mulheres que herdaram um hotel e que o tentam salvar da ruína.
Após agradecer ao Júri e à Berlinale disse: “Devo agradecer à minha equipe, composta quase que completamente por mulheres”.
O Urso de prata de Roteiro foi para Angela Schanelec por “Music”, de Angela Schanelec (Alemanha / França / Sérvia)
O Urso de Prata de melhor direção foi conquistado por Philippe Garrel com “Le grand chariot” (The Plough).
Garrel iniciou sua fala exclamando: “Vida longa à Revolução Iraniana”. A seguir continuou: “Se me permitem, gostaria de dedicar este Urso à mulher que amo, que está aqui e aos meus filhos, que fizeram este filme por mim. Queria dedicá-lo ainda a Jean-Luc-Godard, que foi um grande mestre para mim e para muitos de nós, e que infelizmente já não está mais entre nós”.
O Prêmio de Interpretação Principal foi para Sofia Otero em “20.000 especies de abejas”, de Estibaliz Urresola Solaguren (Espanha). Sofia disse que ainda não conseguia acreditar.
“Isso é muito especial para mim. Agradeço à equipe técnica do filme e aos figurinistas e maquiadores, ao diretor e aos produtores. Obrigada”, repetiu, sem disfarçar a emoção.
O de Interpretação coadjuvante foi para Thea Ehre em “Till the end of the night” (Alemanha) de Christoph Hochhäusler.
O Urso de Ouro da mostra de curtas-metragens foi para “Les chenilles”, de Michelle Keserwany e Noel Keserwany (França).
E o Urso de Prata foi para “Marungka Tjalatjunu” de Matthew Torne e Derik Lynch (Austrália).
O Urso de Cristal da Geração KPlus, mostra destinada ao público infantil, de longa-metragem foi ganho por “Sweet as”, de Jub Clerc (Austrália). Na de curta-metragem foi para “Cloosing Dynasty), de Lloyd Lee Choi (EUA).
O Urso de Cristal da Geração 14Plus, mostra destinada ao público adolescente, para melhor longa-metragem foi para “Adolfo”, de Sofía Auza (EUA/México). E para melhor curta-metragem foi para “And me, I’m dancing too”, de Mohammad Valizadegan (Irã / Alemanha / República Tcheca).
O Prêmio do Júri Internacional – patrocinado pela Agência Federal de Educação Cívica – de melhor curta-metragem da Mostra Geração 14plus, destinada a adolescentes, foi para “Infantaria”, de Laís Santos Araújo (Brasil).
O Prêmio de Audiência da mostra Panorama foi conquistado por:
– longa-metragem de drama – “Sira”, de Apolline Traoré (Burkina Faso/França/Alemanha/Senegal)
– longa-metragem documentário – “Kokomo City”, de D. Smith (EUA)
Prêmio da Paz
Seven winters in Teheran, de Steffi Niederzoll, Alemanha/França
Prêmio da Anistia Internacional
Al Murhaqoon (The Burdened), de Amr Gamal
Iêmen / Sudão / Árabia Saudita
O mundo atual nas telas da Berlinale
O Festival procurou manter o viés de ser a mais politizada das mostras cinematográficas apresentando uma programação de qualidade com muitos filmes provocando reflexões importantes.
O Brasil teve significativa participação em mostras paralelas, a principal delas, já detalhada acima com o premiado “Infantaria”, de Laís Santos Araújo, na mostra Geração 14-Plus.
A participação de “Propriedade”, de Daniel Bandeira, exibido na Panorama, mostra na qual concorria ao prêmio de audiência, é também um destaque importante. O filme não ganhou o troféu, mas a trama impressionou o público que lotou as sessões da paralela.
|