18.09.13
Myrna Silveira Brandão
Diretor fala no NYFF de seu filme também programado para o Festival do Rio
Nova York
O documentarista Frederick Wiseman tem dedicado as últimas quatro décadas para documentar a forma como as pessoas funcionam dentro das instituições. Em filmes recentes como Boxing Gym e Crazy Horse ele se concentrou em empresas relativamente pequenas. Agora, no seu novo trabalho, volta sua câmera para a tradicional Universidade da Califórnia, em Berkeley.
O filme – que deu início às sessões prévias para a imprensa da 51ª edição do Festival de Nova York (27.09 a 13.10 para o público) – conseguiu prender a atenção da plateia durante quatro horas, tempo de duração do documentário.
Vindo de Veneza, onde fez sua estreia, At Berkeley é também uma das atrações do Festival do Rio, que começa no próximo dia 26 de setembro.
Wiseman e o cinegrafista John Davey estiveram na universidade durante o outono de 2010 com acesso irrestrito às salas de aula, aos protestos estudantis, às reuniões administrativas, convivendo com professores e alunos veteranos e recém-chegados.
O filme traça um detalhado painel de uma das maiores instituições públicas de ensino nos EUA, incluindo temas relacionados com o financiamento universitário e o futuro da educação superior no país, principalmente em face da crise econômica americana. Com excelente reputação, Berkeley atrai professores como ex-secretários do governo americano e cientistas de elite estrangeiros.
Na coletiva com a imprensa, Wiseman falou sobre o tema recorrente em sua obra, centrado no registro do comportamento das pessoas nas instituições.
“As sociedades têm instituições similares às que eu filmo: escolas, hospitais, prisões, exércitos, enfim, grupos dedicados a várias atividades são pontos comuns em todas. O importante é a forma como funcionam em cada país, o que explica muito de cada sociedade”, disse Wiseman contando que não teve dificuldades em obter autorização para realizar o documentário sobre a universidade de Berkeley.
“Poderia dizer que foi até fácil. Eu escrevi uma carta para o reitor com a proposta. Marcamos um encontro, eu detalhei um pouco mais e ele concordou com o projeto. Tive liberdade para filmar o que quisesse e a única exceção foi uma reunião para captar verbas que, até concordo, não seria muito adequado”, reconheceu o diretor, que não gosta de explicar as mensagens que passa em seus filmes.
“Acho que essa é uma questão para os espectadores. Não acho necessário explicar o filme porque o considero autoexplicativo. Eu achava que se conseguisse passar um bom tempo em Berkeley faria um bom filme e tentei fazer isso. Agora desejo que funcione”, ressaltou expondo os resultados que espera com o documentário.
“A recessão fez com que sobrassem poucos recursos para a educação pública, que por si só já tem muitos opositores. Berkeley, que é uma das maiores universidades no mundo, vem tentando encontrar um caminho para manter bons resultados dentro da crise econômica. Espero que o filme ajude nessa busca”, afirmou o diretor de 83 anos, ainda em plena atividade e ótima forma.
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