UM MESTRE EM FORMA | |||||||||||||||
Myrna Silveira Brandão
PUBLICADA EM 01.08.15
Após o sucesso em Cannes, onde Godard ganhou o prêmio de melhor diretor dividido com Mommy, do jovem canadense Xavier Dolan, o filme tem sido muito bem recebido pela crítica é um dos melhores trabalhos do diretor francês. Godard tem 83 anos, Dolan, 25. A diferença de idade não parece influir no talento de ambos. Dolan tem uma carreira promissora, Godard é um mestre em plena forma. Representante da Nouvelle Vague, o consagrado cineasta inventou uma nova maneira de se fazer cinema em filmes ousados como Acossado (1960) , entre muitos outros. Ao explicar o seu filme, o veterano diretor diz que é uma trama simples. “Uma mulher casada e um homem solteiro se encontram. Se amam, brigam... Um cachorro vaga entre a cidade e o campo. As estações passam. O homem e a mulher se encontram novamente. O cachorro encontra os dois”, detalha o diretor, dando margem a muitas interpretações. A história segue. O antigo marido aparece e um segundo filme começa, parecendo ser o mesmo, mas não é: do foco no casal, a trama segue um caminho tortuoso, cheio de metáforas. O filme segue no mesmo estilo dos filmes mais recentes de Godard, que abrange imagens, citações e colagens de grandes escritores, bem como ideias sobre o amor, a vida e o estado do mundo. História quase não há. Apenas o cachorro, a natureza e o casal. Mais uma vez, há três elementos, uma abordagem que vem sendo recorrente nos últimos trabalhos do diretor: Elogio do Amor contemplava passado, presente e futuro; Nossa Música é dividido em três capítulos: Inferno, Purgatório e Paraíso. Filme Socialismo também tem três momentos: o cruzeiro marítimo; um processo; e as escalas do navio em seis lugares. Conforme tem enfatizado em entrevistas, Godard, já há algum tempo, vem compartilhando essa ideia de produzir roteiros triplos, muitos deles com sua mulher, a também cineasta Anne-Marie Miéville. “Um passado, um presente, um futuro; uma imagem, outra imagem e a seguinte. Para mim, a terceira é aquela que não se vê e deriva do que se viu e do que se verá”, explica (ou confunde) o cineasta que mantém, no entanto, seu estilo único. Adeus á Linguagem tem vários elementos que marcaram sua carreira: os movimentos de câmera, o som não sincronizado com a imagem, uma narração que deixa a impressão de não ser o elemento mais importante do filme. Num vídeo de divulgação – que contém diversos trechos de filmes seus, como Rei Lear (1987) e Alemanha Nove Zero (1991) – Godard deixa uma mensagem sobre Adeus à Linguagem. “Este é o meu melhor trabalho”, resume. Imprimir |
|||||||||||||||
|
|||||||||||||||
Voltar | ||