AMOR E ARTES MARCIAIS
     
 

Carlos Augusto Brandão



O Grande Mestre, de Wong Kar-Wai – que agora chega ao circuito – teve seu lançamento internacional na 63ª edição do Festival de Berlim, fora de concurso.  Kar-Wai também foi o presidente do júri da Mostra Oficial do evento.
 
O filme é um drama épico de artes marciais, que se passa durante a tumultuada China dos anos 1930, inspirado na vida de  Ip Man  (Tony Leung Chiu Wai), o lendário mestre de Wing Chun, que foi também mentor de Bruce Lee. A trama envolve temas de guerra, família, vingança, desejo, memória e amor.
 
Yip Kai-Man (1893-1972) – ou Ip Man, como costumava ser chamado – tem ganhado cada vez mais atenção no cinema, incluindo a cine-série que leva o seu nome.
 
Dezessete anos depois de Cinzas do Passado, seu primeiro filme no gênero – e com sua inconfundível assinatura – o diretor traz o tema a um novo patamar, ao abordar artes marciais como pano de fundo para, como sempre, falar de amor.
 
A história gira em torno de dois mestres de kung fu: ele vem do sul da China; ela vem do norte. Seu nome é Ip Man; o dela é Gong Er (Zhang Ziyi). Na véspera da invasão japonesa de 1936, seus caminhos se cruzam na cidade natal dele, Foshan. 
 
O Grande Mestre teve quase três anos de produção e mais de uma década de preparação.
 
O elenco de estrelas, liderado por Tony Leung Chiu Wai (Amores expressos, Felizes juntos, Amor à flor da pele e 2046, todos dirigidos por Kar-wai) também inclui Zhang Ziyi  e Chen Chang.
 
O cineasta deixou a extensa colaboração que tinha com o diretor de fotografia Cristopher Doyle – fluente em mandarim e que fez oito filmes com ele – e, desta vez,  optou por Phillipe Le Sourd. 
 
O coreógrafo das lutas é o célebre Yuen Wu Ping, função que ele desempenha tanto na China como em Hollywood,  exercida em filmes como O tigre e o dragão e Matrix.
 
Em Berlim, Leung disse que precisou treinar por três anos para interpretar
Ip Man:
 
“Mas foi muito gratificante e foi o primeiro que eu fiz tendo o perfeito entendimento do meu papel”, revelou o ator, que tem um excelente desempenho vivendo o personagem.
 
Kar-wai contou que a ideia de fazer o filme era um projeto antigo.
 
“Ela surgiu em 1999, quando eu vi o super 8 da família de um grandmaster, o  único arquivo daquele mestre.  Ele tinha a responsabilidade de passar o conhecimento de kung fu, o código de honra e a técnica da luta para as gerações que viriam depois dele”, explicou Kar-wai, falando sobre as dificuldades de ter abordado o tema sem nunca ter praticado artes marciais.
 
“ Em compensação, aprendi muita coisa. Durante o filme, eu vi que os lutadores de kung fu são humildes, apesar de saberem que tem uma arma na mão.  Eu me comparo àquela criança que aparece no filme olhando os lutadores, da mesma forma que  eu fazia quando era menino”, ressaltou o diretor chinês de  57 anos. 


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