MACBETH SEGUNDO KURZEL | |||||||||||||||
Carlos Augusto Brandão
PUBLICADA EM 28.12.15
Depois de Orson Welles, Akira Kurosawa e Roman Polanski, Kurzel aborda a monumental obra do bardo inglês em um ambiente filmado com um viés de virtuosismo. Embora recebido com surpresa, o filme tem tido uma boa aceitação. A conhecida obra conta a história de Macbeth, um general do exército escocês que trai seu rei após ouvir um presságio de três bruxas que dizem que ele será o novo monarca. Ele é altamente influenciado pela esposa Lady Macbeth, uma figura manipuladora que sofre por não poder lhe dar filhos. Rodado principalmente na Escócia, “Macbeth” submerge o espectador nas paisagens selvagens entre colinas cobertas de névoa para contar a história de ambição e violência do chefe militar Macbeth e sua esposa Lady Macbeth que enlouquecem após terem assassinado o rei Duncan. Kurzel passa das batalhas de violência estilizada, filmadas em câmera lenta, estranha iluminação e uma música por vezes ensurdecedora, a cenas de intimidade muitas vezes sussurradas. Na coletiva após a projeção em no Festival de Nova York, Kurzel contou que decidiu fazer o filme porque considera Macbeth uma obra fascinante e universal. “Acho que é por isso que as pessoas gostam tanto da peça e também é a razão de já ter sido realizada tantas vezes. É uma história familiar, emocionante, é importante que as pessoas vejam Macbeth em suas diversas formas”, diz o diretor explicando o viés que procurou dar ao filme. “As pessoas muitas vezes esquecem que, no texto da peça, Lady Macbeth perdeu um filho e é essa perda que muda seu comportamento, revelando uma natureza que impele o marido a contestar a impotência de seu governante e almejar a coroa para si. Foi essa dimensão que eu tentei dar”, ressalta. As filmagens duraram seis semanas, o que é um tempo curto para um grande filme. Mas o maior desafio foi conviver com as condições meteorológicas. “Foi o pior inverno que o Reino Unido já teve em muitos anos. Mas acho que houve uma natureza visceral em tudo e isso é importante no filme, ele é robusto, muscular e isso vem da natureza”, afirma o diretor que faz da paisagem um dos personagens do seu filme. “Eu tentei fazer uma espécie de western, aproveitando a imensidão das paisagens escocesas para retratar o que sempre foi visto como uma reflexão sobre cobiça, um conto sobre o luto e a perda aos olhos de um casal. A forma com que a paisagem transforma a tragédia com personagens que se sentem muito pequenos, como nos grandes faroestes, foi um dos motores do filme. Como australiano, estou habituado a amplas paisagens, tenho uma conexão especial com o que elas representam”, revela. Afirmando que teve a sorte de conseguir trabalhar com dois dos atores mais respeitados do seu tempo, Kurzel disse que a convivência com eles foi um aprendizado. Imprimir |
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