REFLEXÕES SOBRE A JUVENTUDE E O FUTURO
     
 

Carlos Augusto Brandão

PUBLICADA EM 31.03.16


Paolo Sorrentino é um dos diretores mais representativos da onda autoral em voga no cinema italiano – chamada de Risorgimento –  em filmes como As Consequências do Amor, O Amigo da Família, Il Divo, Aqui é o Meu Lugar e A Grande Beleza, que lhe deu o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013.
 
Juventude, seu novo filme  – que agora chega ao circuito aqui – concorreu à Palma de Ouro em Cannes, onde recebeu  reações opostas: enquanto uma parte dos presentes vaiou o filme,  outra aplaudiu calorosamente.
 
O longa  é um retrato sobre a velhice. A história segue Fred Ballinger (Michael Caine), Mick Boyle (Harvey Keitel) e Brenda Morel (Jane Fonda) como hóspedes de um hotel nos Alpes, onde a passagem do tempo parece ser mais vagarosa. 
 
Entre companhias reais e imaginárias, os três personagens – que somam mais de 200 anos de idade – administram aqueles que parecem ser os últimos momentos de suas vidas.
 
O diretor napolitano, de 45 anos reconhece que Juventude tem muito a ver com sua própria história.   
 
“É um filme muito pessoal e eu fui até o meu limite para fazê-lo porque sou muito tímido. É uma história de amor, amizade, relacionamento entre pais e filhos, memória e tudo o mais”, constata.
 
O diretor conta que já havia pensado no elenco antes de começar a escrever o roteiro.
 
“Keitel sempre estava em alguns filmes fantásticos que eu vi e já existe uma mitologia em torno dele.  O mesmo acontece com Caine. Ele não precisa de currículo e apresentações, sua personalidade lhe dá a autoridade necessária”, afirma revelando como define os dois personagens e suas diferenças diante da vida.
 
“O personagem de Keitel é dominado pela paixão.  Para ele fazer um filme vira um assunto de vida ou morte e pode tornar-se uma obsessão, o que não é muito incomum no cinema. Ao contrário, o de Caine guarda um distanciamento das coisas.  Eu tendo a ser como Keitel, mas estou fazendo uma forte tentativa para ficar igual a Caine”, confidencia.  
 
Sobre os questionamentos surgidos devido ao filme ter sido filmado em inglês, Sorrentino diz que não vê nada de errado nisso.
 
“As novas gerações têm aproximações culturais que não são exclusivamente do seu próprio país. Outro ponto é que foi Caine quem me trouxe a ideia para o filme.  Eu não o teria feito se não fosse por ele.  Caine tem carisma, classe e uma elegância que raramente é encontrada nos atores de certa idade”, elogia Sorrentino,  resumindo o cerne de Juventude.
 
“O filme é sobre nosso relacionamento com o futuro e com ser jovem, mesmo quando alguém não é mais tão jovem.  É um filme para cima e talvez tenha sido feito para dispersar certo medo que, acredito,  todos nós temos.  A passagem do tempo me excita porque o futuro é uma grande oportunidade para a liberdade”, conclui.  
 

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