NOVO FILME DE PORUMBOIU CHEGA AO CIRCUITO
     
 

Myrna Silveira Brandão

PUBLICADA EM 21.04.16


Corneliu Porumboiu - o ótimo diretor romeno de Polícia, Adjetivo e Quando a Noite cai em Bucarest ou Metabolismo - está de volta com O Tesouro, já um sucesso de público e crítica,  como tem sido constante com os filmes da Romênia.
 
Além dele, outros diretores como  Cristian Mungiu (4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias),  Cristi Puium (A morte do senhor Lazarescu) e Califórnia Dreaming, de Cristian Nemescu, deixam a certeza da qualidade do recente cinema romeno.

A história de O Tesouro segue Costi (Cuzin Toma), que  leva uma vida razoavelmente quieta e sem grandes eventos com a sua mulher e filho.
 
Com dificuldade, ele consegue manter a família, lutando para que o dinheiro dê para pagar as contas no final do mês. 
 
Uma noite, alguém bate à sua porta.  É Adrian (Adrian Purcarescu) – seu vizinho, mas para ele um estranho –  com uma proposta de negócio: Costi emprestaria algum dinheiro para pagar alguém que ajude encontrar um suposto tesouro enterrado no quintal de seus avós e eles dividiriam o que achassem.
 
É um golpe ou uma verdadeira caçada a um tesouro?  A fábula moderna de Porumboiu começa com uma suposição de riqueza imediata e gradualmente vai se transformando numa história de múltiplas camadas envolvendo burocracia, papelada e culminando num viés totalmente surpreendente. 
 
Na Romênia existe uma lei pela qual qualquer tesouro que se encontre tem que ser imediatamente declarado a policia para que esta decida se seu conteúdo é parte do patrimônio nacional e, portanto, propriedade imediata do estado. O diretor não perde a chance de aproveitar e incluir essa norma em sua parábola de maneira hilariante, mudando completamente o tom sério do começo por um final sardônico.
 
Assim, um filme que começa com o tema recorrente dos problemas da crise econômica e do desemprego, se converte de repente em um cômico relato de aventuras.
 
Como nos seus filmes anteriores, o cinema de Porumboiu  tem sempre ligação com o que acontece na sociedade contemporânea.
 
“A  inspiração para meus filmes vem da ambiência ao meu redor e principalmente da observação dessa realidade”,  confirma o diretor, acrescentando que os cineastas de sua geração cresceram num regime político onde o cinema era uma ferramenta importante de propaganda e, talvez por isso, os filmes procurem refletir a sociedade de maneira mais realista.
 
“Sinto que eles compartilham o mesmo gosto pelo cinema, o que pode explicar o viés atual dos filmes romenos”,  ressalta Porumboiu,  dando sua opinião sobre essa nova onda do cinema romeno.
 
“Existe de fato um estilo predominante nos cineastas da minha geração, mas não é um movimento como a nouvelle vague francesa. Acho que ultimamente cada um de nós está explorando seu próprio universo, tornando o cinema romeno mais diversificado e, consequentemente com uma abrangência maior para todo tipo de público”, conclui o diretor, que se formou em administração antes de estudar direção de cinema.
 

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