MEMÓRIA DA ÁGUA | |||||||||||||||
Carlos Augusto Brandão
PUBLICADA EM 03.08.16
Poético, filosófico e principalmente político, o filme é a segunda parte da trilogia inspirada no deserto, que se iniciou com Nostalgia da Luz, e que se encerrará com um documentário sobre a Cordilheira dos Andes. O filme trata da história recente do Chile na qual Guzmán toma por símbolos seus desertos, oceanos, vulcões, montanhas e geleiras. Segundo o diretor, neles estão as vozes dos povos indígenas da Patagônia, dos primeiros marinheiros ingleses e também daqueles que foram prisioneiros políticos. Alguns dizem que a água tem memória e o filme mostra que ela também tem voz. O documentário relaciona a história dos desaparecidos da ditadura militar na década de 1970 e o extermínio de cinco etnias do século 19 e 20. Guzmán conta que a origem do filme vem de uma ideia que lhe ocorreu enquanto filmava no deserto. “Chile é um país tão raro, é como um corredor em que passamos do polo Sul ao Planeta Marte”, diz o diretor explicando a relação do mar com o filme. “Ele é o ponto em comum entre os povos aborígenes e os desaparecidos que foram jogados em suas águas”, ressalta. Seguindo com essa ideia, Guzmán acha que água é também o suporte do organismo e da terra, mas principalmente uma fonte de memória, aquela em torno da qual gira o filme. Para concluir, destaca que todo o sul é uma história lendária, assim como o distante oeste. “Gosto muito de roteirizar textos documentais, buscar metáforas e associações livres ainda que não faça disso uma norma”, ressalva o engajado diretor de 74 anos, que mais uma vez nos brinda com um filme belíssimo. Imprimir |
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