REINVENÇÃO DA VIDA
     
 

Carlos Augusto Brandão

PUBLICADA EM 02.01.17


“O que está por vir”,  de Mia Hansen-Love – que agora chega ao circuito – teve muito sucesso na 66ª edição do Festival de Berlim, onde concorreu ao Urso de Ouro e saiu de lá com o Urso de Prata de melhor diretora.
 
Hansen-Love  vem subindo no conceito da crítica com filmes como “O Pai dos Meus Filhos” (2009) e “Adeus, Primeiro Amor “.  
 
Protagonizado  por Isabelle Huppert e André Marcon, o ótimo elenco  inclui ainda Roman Kolinka e Edith Scob, entre outros.
 
A história gira em torno de Nathalie (Huppert) e Heinz (Marcon), dois professores de filosofia casados há  muitos anos e com  dois filhos adultos.
 
Nathalie dedica seu tempo aos livros que publica, a seus ex-alunos que já se tornaram seus amigos e especialmente à sua possessiva mãe.
 
Nathalie e Heinz estão intimamente ligados muito mais por hábito e por seus interesses intelectuais comuns do que por amor, que fracassou ao longo dos anos.
 
Um dia, Heinz diz a Nathalie que se apaixonou por outra mulher e que está se encontrando com ela.
 
Ao mesmo tempo, Nathalie é confrontada com a morte da mãe e a solidão. O verão está começando  e,  também para ela, este momento pode ser o início de uma nova vida.
 
Na divertida coletiva em Berlim, a diretora descontraída e bem humorada falou sobre o filme e como sua história de vida, ajudou a realizá-lo.
 
“Meus pais são professores de filosofia e a trama é o retrato de uma mulher, um pouco inspirado na vida de minha mãe”, revelou a diretora, inicialmente discordando dos comentários que o filme seria muito sombrio.
 
“Não vejo assim, até porque ele foi escrito quase como uma comédia, mas talvez você tenha razão, o tema é um pouco sombrio porque é sobre a solidão. Sobre o que é ser uma mulher com determinada idade, quando o mundo desmorona porque o marido a deixou, os filhos já foram embora, sua mãe morre... enfim, o que é ser mulher nessa faixa etária e com todas essas questões”, explicou com uma frase conclusiva.
 
“De qualquer forma, são filmes sobre pessoas que eu conheço bem.  Com isso,  não estou afirmando  que é preciso conhecer as pessoas ou falar somente coisas que conhecemos bem, mas de repente pode ser uma boa coisa.  É como dizia Rohmer (Eric Rohmer) – quando o criticavam por fazer filmes sobre as mesmas coisas – “Eu faço filmes sobre as coisas que eu sei”, lembrou Mia.
 
Sobre Huppert para protagonista, disse que começou a  escrever o roteiro quando estava filmando Eden.
 
“Nem tinha certeza se conseguiria chegar ao final do projeto. Então comecei a pensar em Isabelle para o papel e ela se encaixou tão bem, acho que tudo se tornou real graças a ela”, reconheceu com muitos elogios para a atriz.
 
Mia foi assistente de Olivier Assayas (61) com quem é casada e iniciou sua carreira como atriz no ótimo filme do diretor francês  “Late August, Early September”.
 
Assim a pergunta para ela foi quase  inevitável:  “Você e o diretor discutem seus filmes um com o outro?
 
“Eu o consulto o tempo todo e continuo pedindo-lhe conselhos, mas  não acho que ele precise muito dos meus ”, disse rindo da própria afirmação e da indagação de um jornalista que se seguiu.
 
“Deve ser algo muito  especial para você como cineasta, é raro ter alguém por perto que faz o mesmo trabalho, não é?.
 
“Sim e  talvez algum dia eu faça um filme sobre isso, algo assim como “Dois Cineastas”. Claro que será uma coisa mais ou menos autobiográfica”, brincou a atriz de 37 anos.


 

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