NO CORPO E NA ALMA
     
 

Myrna Silveira Brandão

PUBLICADA EM 22.12.17


“Corpo e Alma”, o enigmático filme de Ildikó Enyedi – que agora chega ao circuito nacional –  ganhou o Urso de Ouro na última edição do Festival de Berlim, conquistando ainda o prêmio da crítica internacional  (FIPRESCI) e o Prêmio Ecumênico.
 
Na noite de premiação, a cineasta húngara estava visivelmente emocionada.
 
“Foi uma longa viagem para chegar até aqui.  Obrigada a todos e ao júri”, disse Enyedi na ocasião.  
 
O longa  é o quinto filme de ficção da diretora,  que ganhou a Câmera d’Or em Cannes em 1989 com “My 20th Century” e foi duas vezes indicada na competição em Veneza, em 1994 com “O Caçador Mágico” e em 1997 com “Tamas e Juli”.
 
Mas ela ainda é pouco conhecida do público brasileiro.  Seus filmes têm sido mais exibidos no circuito alternativo ou em mostras e retrospectivas.
 
Ultimamente mais dedicada à televisão, ela retorna agora à tela grande com uma história de amor que começou literalmente em sonho. Dois jovens que não se conhecem têm sonhos exatamente iguais, e acabam se encontrando diariamente todas as noites em um mundo paralelo de fantasia.  Quando chega a hora de se encontrarem de verdade, a situação se mostra ainda mais complexa.
 
Na coletiva após a projeção em Berlim,  Enyedi disse que o filme procura mostrar o que pode acontecer se uma pessoa conhece alguém que sonha o mesmo que ela todas as noites.
 
“Para ser mais precisa, se esse alguém estava se encontrando com ela no mesmo mundo  durante anos. Será que ela ficaria satisfeita ou sentiria que tinha sido de alguma forma roubada?, questionou a diretora, nascida em Budapeste em 1955 e que já tinha estado na Berlinale duas vezes, em 1992 e 1994, mas como membro do júri.
 
A história onírica e incomum do filme  – baseando-se na dualidade entre dormir / despertar e mente / matéria, tem sido muito aplaudida mundo afora.  É um filme que provoca reflexões, mas que talvez precise de um pouco mais de tempo para ser internalizado pelos espectadores.
 

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