Nas Telas - Era uma vez em Nova York fala de amor e moral
     
 

Carlos Augusto Brandão

PUBLICADA EM 14.09.14


Era uma vez em Nova York, novo trabalho de James Gray, é um dos melhores filmes do ano.
Escrito com o roteirista Richard Menello – seu parceiro também em Amantes – o filme é uma ambiciosa história de amor e moral passada no início da década de 1920.
A história segue Eva (Marion Cottilard) uma polonesa que, no começo do século passado, vai para Nova York com a irmã. Em Eliss Island, porto de entrada no EUA, elas são separadas. A irmã tem tuberculose e vai para a enfermaria do serviço de Imigração. Eva, desqualificada por conduta indecorosa no navio, é enviada para a fila de deportação.
Para não ser deportada e conseguir dinheiro para retirar a irmã da quarentena, ela acaba se envolvendo com Bruno, um cafetão / contrabandista (Joaquim Phoenix), que a leva à prostituição. É formado um triângulo quando entra em cena o mágico Orlando (Jeremy Renner) primo de Bruno.
O filme tem belas cenas, um convincente trabalho de ambientação e recriação de época e a excelente fotografia do iraniano Darius Khondji (Amor).
Gray, bem sucedido em filmes como Fuga para Odessa (1994) e Amantes (2008), é um cineasta que vem tendo seu trabalho, como confirma este filme, voltado para espectadores que curtem um lado mais cult do cinema.
Na coletiva após a projeção na edição 2013 do Festival de Nova York, Gray falou sobre o filme, as dificuldades da filmagem e como convive com as críticas. Leia os principais trechos:
Por que um filme sobre a imigração e na Ilha Ellis?
“A Ilha Ellis foi o local aonde os imigrantes chegaram entre 1920 e 1924. Pelo menos 40% da população local, tem um membro de sua família que chegou ali naquela época. Quis abordar o tema porque sou a favor da imigração. Acho que ela enriquece a sociedade, vitaliza a cultura e torna tudo versátil e dinâmico”.
Houve dificuldades para filmar na Ilha?
“Sim, foi muito difícil. O local é uma atração turística, com um museu aberto durante todo o ano. Filmávamos à noite, com enormes gruas de luz no set. Se eu tivesse sabido disso antes, eu certamente não teria filmado lá”.
Phenix era sua primeira opção para viver o personagem?
“Grande parte de nossas vidas nós passamos envolvidos com os atores. Com alguns deles constatamos que temos o mesmo sentimento sobre a vida, arte, comportamento humano, valores e daí em diante. No nosso primeiro filme juntos, Phenix me mostrou que tem uma ampla gama de emoções para oferecer”
Pretende continuar fiel ao seu universo independente e de cinema de autor?
“Sim, pretendo. Posso dizer com orgulho que nunca fiz nenhum trabalho pensando em dinheiro. Posso errar ou acertar, mas nunca me vendi”.