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Nas Telas - O DIÁRIO DE UMA CAMAREIRA |
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Myrna Silveira Brandão
PUBLICADA EM 07.09.15
O Diário de uma Camareira, de Benoît Jacquot teve lançamento mundial no último Festival de Berlim, onde concorreu ao Urso de Ouro. O diretor francês retornou ao festival, onde em 2012, abriu o evento com Adeus à Rainha.
Seu novo filme é uma adaptação do romance de Octave Mirbeau, que já tinha sido levado às telas em 1946 por Jean Renoir e em 1964 por Luis Buñuel, estrelado por Jeanne Moreau
A história segue Célestine, uma jovem e ambiciosa mulher que trabalha como camareira para uma rica família na França na virada do século 20.
Na coletiva após a projeção em Berlim, Jacquot não escapou da pergunta sobre a diferença de sua adaptação do livro de Mirbeau para as realizadas por Renoir e Buñuel.
“Já me fizeram essa pergunta, mas eu não acho que seja preciso comparar. Os filmes de Renoir e Buñuel são diferentes um do outro e assim é também o meu”, disse o diretor acrescentando que sua abordagem enfatiza o aspecto feminista do romance.
“A personagem central, é uma jovem mulher que quer ser alguém e tem que passar por situações extremas para conseguir isso que, para ela, é uma questão de vida ou morte. No final do século 19, criadas francesas que trabalhavam para famílias ricas eram tratadas como escravas, e ela quer se libertar dessa escravidão. Para expressar o que acontece com ela, a história é contada através de seu olhar”, explicou.
Benoît – que volta a realizar um filme de época e a trabalhar com Léa Seydoux, que esteve em Adeus, minha Rainha e agora protagoniza a empregada – só tem elogios para a atriz.
“Como eu já esperava, ela fez um excelente trabalho neste filme. Foi um papel muito desafiador e ela tem um desempenho extraordinário, ressaltou.
Benoît revelou que o viés político foi um dos aspectos que mais lhe interessavam neste projeto.
“Octave Mirbeau era um anarquista e, apesar de seu romance ser ambientado na virada do século 20, o que ele diz ainda tem muito sobre o mundo em que vivemos e sobre a condição de muitas mulheres nos dias de hoje”, afirma o cineasta, que espera que os espectadores se identifiquem com a personagem.
“Celéstine é bonita, sedutora, isso é tudo o que ela tem e é sua melhor arma. O filme mostra sua condição de empregada doméstica e a forma degradante como é tratada. Acho que os espectadores vão entender sua necessidade vital para libertar-se daquela situação”, detalhou Benoît antecipando seu novo projeto.
“Estou trabalhando em uma adaptação do livro The Artist Body, de Don DeLillo, que o Paulo Branco está produzindo e me convidou para dirigi-lo”, revela.
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