Nas Telas - T2 - TRAINSPOTTING É MAIS DIVERTIDO E MAIS HUMANO
     
 

Carlos Augusto Brandão

05.04.17


“T2 – Trainspotting”, de Danny Boyle, sequência de “Trainspotting – Sem Limites” (1996),  roubou a cena na 67ª edição do Festival de Berlim, onde era um dos filmes mais esperados.  
 
Tanto a prévia para a imprensa – bem como as sessões programadas  do filme – estiveram lotadas principalmente pela legião de fãs da cultuada primeira versão, sobre quatro jovens viciados em heroína, vivendo em Edimburgo (Escócia).
 
O novo filme de Boyle – que agora chega ao circuito brasileiro  – foi  realizado duas décadas depois, é inspirado também no livro de Irvine Welsh e mostra como a vida destes jovens de Edimburgo se transformou ao longo dos anos.
 
A sequência foi escrita por John Hodge, indicado ao Oscar pelo roteiro do cultuado original. O roteirista assinou a continuação ao lado de Welsh, autor do livro que deu origem à franquia.
 
Para escrever o roteiro, a equipe foi  para a Escócia, onde participou de um workshop de algumas semanas em Edimburgo.
 
O elenco original composto por Ewan McGregor, Johnny Lee Miller, Robert Carlyle e Ewen Bremmer está de volta na sequência.
 
Se o primeiro filme foi  sobre a alegria de ser jovem – a descontração, os erros, a camaradagem – T2 é sobre as decepções de envelhecer – as limitações, os arrependimentos, a necessidade de reconexão. O passado compartilhado desses amigos está entrelaçado em seu presente e é nisso que o novo filme aposta.
 
 Além de ser gostoso rever personagens que marcaram época pela transgressão e perceber que, com o passar de duas décadas, o valor simbólico continua o mesmo, o  novo filme é mais bem fotografado e mais divertido que o primeiro.
 
Na concorridíssima  coletiva após a projeção em Berlim, Boyle contou que há 10 anos tentava tirar Trainspotting 2 do papel.
 
“Nós tentamos por muito tempo fazer esta sequência, mas não queríamos desapontar as pessoas que tanto a aguardavam com um trabalho difícil cheio de problemas e que tinha que ser bem feito. Havia dificuldades como  a evolução das câmeras que  ficaram menores e melhores, a busca por qualidade que ficou mais alta, assim como a preocupação com os  resultados”, detalhou o diretor expressando sua satisfação por finalmente ter realizado a sequência.
 
“Mas, de qualquer forma, é muito bom voltar a trabalhar com profissionais amigos, em fases diferentes da vida profissional de cada um, ver como evoluíram e como mudaram profissionalmente”, ressaltou.
 
Boyle havia declarado algumas vezes que estava preocupado com a reação dos espectadores.
 
“As pessoas vão nos crucificar se não gostarem do filme. Mas é preciso superar os riscos e procurar  realizar  um  trabalho legal”.
 
Para alguns, pode até não ser a sequência que esperavam, mas para muitos, principalmente os admiradores da franquia, ele certamente foi aprovado.