Nas Telas - MOVERMAN RETORNA COM THRILLER ELETRIZANTE
     
 

Myrna Silveira Brandão

PUBLICADA EM 03.08.17


Um dos títulos mais concorridos da mostra oficial do último Festival de Berlim – e que agora chega ao circuito – foi O Jantar, de Oren Moverman, que é o terceiro cineasta a adaptar para as telas o best-seller  de Herman Koch, lançado no Brasil pela Intrínseca.
 
Uma versão foi realizada em 2013 pelo diretor holandês Menno Meyjes e em 2014 houve outra, desta vez italiana, dirigida por Ivano De Matteo com o título “Os Nossos Meninos”.
 
Moverman  retornou ao Festival, oito anos depois de ter participado da mostra competitiva com “O Mensageiro”, seu filme de estreia em 2009, quando  ganhou o Urso de Prata de melhor roteiro (dividido com Alessandro Camon)  e o Peace Film Award.
 
Além da curiosidade pelo novo trabalho de Moverman ser mais uma adaptação de um livro num espaço de quatro anos, “O Jantar”  tem um elenco de peso com Richard Gere, Laura Linney, Steven Coogan e Rebecca Hall.
 
O filme começa com  Paul (Gere)  e Claire (Linney) se preparando  para um jantar com Stan (Coogan),   irmão de Paul  e sua esposa Barbara (Hall).
 
A trivialidade inicial da conversa sobre filmes que estão em cartaz e férias de verão, entre garfadas prazerosas e sorrisos educados, parece sugerir um jantar aparentemente normal.  Mas, numa história que vai sendo revelada em camadas, os espectadores vão também aos poucos descobrindo que os casais não se juntaram ali pelo prazer da refeição e da companhia, mas sim para discutir um grave ato de violência ocorrido na família.
 
A natureza do mal, que começa a ser exposta durante o jantar  e a sutileza moral da trama fazem desta uma história controversa, incômoda e provocadora. É uma narrativa que captura o leitor nas primeiras páginas do livro e que a adaptação de Moverman consegue fazer o mesmo com os espectadores.
 
Na coletiva em Berlim, o diretor   deu sua versão para a história do livro de Koch.
 
“Acho que é um passeio extraordinariamente provocador e consciente que toca em questões culturalmente relevantes e transforma-as num intrincado cardápio de medos primitivos e paixões”, descreveu Moverman, complementando:
 
“Além disso, agora quando estou fazendo um filme, deixo minha raiva aflorar sobre tudo que está acontecendo no mundo”, ressaltou.
 
Gere, por sua vez, falando sobre seu personagem, disse que ele emerge durante a história.
 
“Meu esforço foi manter o personagem vivo e, de certa forma tive que compô-lo”, disse o ator, que foi direto quando  provocado com a pergunta de um jornalista sobre o novo Presidente dos Estados Unidos.
 
“Eu não estaria num jantar com Trump e nem seria convidado”, devolveu Gere sob aplausos e risos da plateia.