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Nas Telas - MANAUS INDÍGENA |
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Carlos Augusto Brandão
PUBLICADA EM 20.11.17
“Antes o Tempo não Acabava” – que agora chega ao circuito nacional – teve seu lançamento na 67ª edição do Festival de Berlim, selecionado para a Mostra Panorama, a paralela mais prestigiada do evento.
Dirigido pelo amazonense Sérgio Andrade e pelo paulista Fábio Baldo, “Antes o Tempo não Acabava” é a história de Anderson, um jovem índio lidando com o choque cultural entre os rituais indígenas de sua tribo amazônica e a vida urbana, para a qual ele se sente bastante atraído.
O elenco é formado por Anderson Tikuna, Rita Carelli, Fidélis Baniwa, Begê Muniz, Kay Sara, entre outros. E a equipe conta ainda com o premiado fotógrafo Yure César e o diretor de arte Oscar Ramos.
Na coletiva com a imprensa – que acontece em todas as competitivas, mas é menos frequente na Panorama – as perguntas giraram em torno do tema do filme, abordando questões como etnias indígenas, identidade, os chamados índios urbanos e os obstáculos da diversidade cultural que criam barreiras para a perfeita interação desses povos.
Este é o primeiro longa-metragem de Andrade, depois do sucesso internacional de “A Floresta de Jonathas”, cuja montagem, por sinal, foi realizada por Baldo.
Em entrevista para o Mccinema, Andrade falou sobre essa parceria e os frutos que ela vem dando.
“Somos amigos e temos uma grande sintonia. Desde que fizemos a “Floresta de Jonathas”, a parceria cresceu e felizmente vem dando certo. Acho que nos alimentamos da criatividade um do outro”, declarou o diretor, que tem uma expectativa bastante positiva quanto ao entendimento do seu filme pelos espectadores, apesar de se tratar de uma realidade desconhecida e às vezes distante de algumas plateias.
“Penso que vai ser importante transmitir nossa provocadora e estranha leitura de uma Manaus indígena, que algumas pessoas ainda devem ter pouco contato”, disse Andrade, sem conseguir disfarçar sua satisfação com a seleção para o festival alemão.
“Esse momento que a gente está vivendo com o filme e a estreia mundial num Festival como Berlim é meio mágico”, ressaltou contando que recebeu a notícia com muita alegria, mas principalmente com sentimento de desejo realizado.
“Na verdade, nós sempre sonhávamos com a Berlinale. É o maior festival do mundo, é um evento que privilegia filmes provocativos e fora do convencional, é indescritível”, afirmou complementando que trazer para Berlim uma produção feita toda em Manaus, com 93% da equipe do filme constituída de amazonenses é tudo de bom.
“O prêmio maior já ganhamos”, garantiu Andrade que concorreu em Berlim ao troféu da crítica internacional (FIPRESCI). Mas mesmo não tendo conquistado prêmios, o lançamento do filme num festival com o porte de Berlim representa, sem dúvida, um bom início de carreira.
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