Nas Telas - JOSÉ PADILHA DIZ ESPERAR CONTROVÉRSIAS COM SEU NOVO FILME
     
 

Myrna Silveira Brandão

PUBLICADA EM 19.04.18


Dez  anos após ganhar o Urso de Ouro com  “Tropa de Elite”, o diretor carioca regressou ao Festival de Berlim em fevereiro  para lançar “7 Days in Entebbe,”, que agora chega ao circuito brasileiro.
 
Selecionado para a mostra oficial hors-concours, o filme teve  sua première mundial em sessão de gala na Berlinale.
 
“7 Days in Entebbe” é sobre uma ação terrorista ocorrida em 1976: o sequestro de um avião e seu pouso forçado em Entebbe (Uganda). O filme recria a operação de salvamento dos passageiros feitos refém pelos terroristas no voo Air France 139, indo de Tel Aviv para Paris, via Atenas. 
 
Daniel Brühl e Rosamund Pike interpretam os sequestradores nesta produção britânica, rodada em três países.
 
Em entrevista ao Mccinema,  Padilha falou sobre o filme e sobre sua expectativa que  ele  provoque debate e polêmica.
 
Depois da excelente receptividade para “Tropa de Elite”, “Garapa” e “Tropa de Elite 2” no festival, qual sua expectativa com esse novo trabalho?
 
“Trata-se de um filme sobre Israel e Palestina... de modo que espero controvérsia.  Mas como você sabe, já estou escolado neste departamento!.
 
Qual a motivação para lembrar esse fato?
 
“Eu quis mostrar o sequestro do avião sob dois pontos de vista: de  um lado, sob a perspectiva dos terroristas alemães que participaram da ação e como ela muda a partir da interação com os sequestrados. De outro, o embate entre os ministros israelenses Isaac Rabin (Primeiro Ministro) e Shimon Peres (Ministro da Defesa) sobre o que fazer: negociar ou arriscar a vida dos reféns em uma operação de resgate com pouca probabilidade de ser bem sucedida”.
 
Qual o cerne do filme?
 
“O objetivo do filme não é construir ou descontruir. Eu quis mostrar a complexidade do fato e, através dessa complexidade, debater aspectos que transcendem o que ocorreu em Entebbe”,
 
Como foi sua entrada no projeto para dirigir o filme?
 
“Eu fui convidado pela  produtora inglesa Working Title”.
 
O fato pode ter influído na escolha da mostra para a qual foi selecionado em Berlim?
 
“Já exibi três filmes no festival. Um na competição (Tropa de Elite), um na mostra de documentários (Garapa), e outro abrindo a seção Panorama (Tropa de Elite 2). Agora mostrei meu quarto filme, em outro segmento do festival, o reservado para a estreia de filmes de estúdios, sobretudo filmes de diretores que já são conhecidos no circuito dos festivais. Foi uma experiência nova para mim”.

Quais seus próximos projetos?

“No momento estou muito envolvido com a série de tevê “O Mecanismo”, sobre a Operação Lava Jato.  Nos planos, a adaptação para as telas de um livro sobre problemas raciais e o drama Master Thieves, sobre o maior roubo a museus da história dos EUA.