Nas Telas - Sebastian Lélio reafirma seu talento em "Desobediência"
     
 

Carlos Augusto Brandão

PUBLICADA EM 21.06.18


No seu novo filme, o diretor chileno volta ao seu tema predileto: mulheres fortes, que resistem e buscam seu lugar no mundo.
“Desobediência” é, de fato,  outro trabalho que define sua obra. Assim foi em “Glória” e em “Uma Mulher Fantástica”, que lhe deu o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Adaptação do livro de Naomi Alderman, “Desobediência” é um filme bem escrito, dirigido e interpretado.
Em entrevista ao Mccinema, Lélio disse que seus filmes tem um quê de ousadia e que talvez  ele  não teria podido chegar como cineasta onde chegou com personagens convencionais.  
“O fato de retratar mulheres fortes é produto principalmente de uma intuição e o desejo de falar de personagens femininos não é um produto de uma agenda temática premeditada. Há um interesse de minha parte de falar do feminino, por explorá-lo, por retratá-lo, mas vem de um lugar muito mais intuitivo do que intelectual”, explica.
As personagens de “Desobediência” são interpretadas por  Rachel Weiz (Ronit) e Rachel McAdams (Esti).
Roni volta para casa, para o enterro do pai rabino. Reencontra Esti –  sua antiga paixão e que a levou ser rejeitada por todos –  agora casada com um rabino jovem.  Forma-se o triângulo, o que gera protestos na comunidade.
A  questão é como ele se desfará? Ronit voltará para casa em NY? Esti irá com ela ou permanecerá com o marido?
A trama aborda também uma questão importante. A representatividade que Lélio dá sua trans em Uma Mulher Fantástica, a mulheres solitárias como Glória ou lésbicas como neste novo trabalho.
O desfecho é um misto de renúncia e superação.
Os filmes do diretor chileno  tem sempre uma identificação muito grande com os espectadores, mas Lélio  acha sempre difícil prever o que pode ocorrer.
“Quando alguém faz um filme está tão perto dele que paradoxalmente deixa de vê-lo.  Cria para mim muita curiosidade e entusiasmo ver como será recebido”, ressalta.