Nas Telas - "Está Tudo Bem", de François Ozon, estreia dia 02.06 nos cinemas
     
 

Myrna Silveira Brandão

Publicado em 31.05.2022


Quando a romancista francesa Emmanuèle Bernheim enviou para Ozon o manuscrito do seu livro “Está Tudo Bem”, ele achou que ali havia um belo filme. “Ela me perguntou se eu queria adaptar, mas achei uma história pessoal demais, e naquele momento,  não consegui lidar com isso”.
 
Foi só após a morte da escritora em 2017, que o cineasta voltou a pensar na adaptação.
 
O filme traz Sophie Marceau no papel de Emmanuèle, uma escritora cujo pai, depois de sofrer um derrame e ficar no hospital, pede ajuda à filha para morrer.  O personagem é interpretado por André Dussollier. Outro destaque do elenco é a veterana atriz alemã Hanna Schygulla, musa de Fassbinder, que interpreta uma alemã na Suíça.
 
Na entrevista, após a projeção em Cannes, Ozon acompanhado da equipe do filme, explicou as razões de ter esperado oito anos para adaptar o livro para as telas.
 
 “Eu não achava que poderia adaptar o livro de Emmanuèle Bernheim, nunca senti que o tinha assimilado de fato. A autora me pediu para realizar a adaptação, mas eu resolvi deixar para mais adiante. Após um tempo, reli o livro e resolvi embarcar nessa aventura, disse Ozon, revelando a principal motivação para realizá-lo”. 
 
“O que mais me motivou na história foi o relacionamento humano. É uma história pessoal que navega entre a vida e a morte. Eu fiquei interessado em explorar como essa situação complexa afetou a filha”, explicou.

 “Não é um filme sobre eutanásia. Obviamente, cada um de nós tem os próprios sentimentos e questões sobre a morte, mas o que me interessava acima de tudo era a relação entre pais e filhas”.
 
A atriz, por sua vez, disse que sua personagem é uma pessoa bastante vivaz e que ama a vida.
“O François havia me falado que ela é também uma pessoa muito caridosa. E aí surge a situação do pai dela, da necessidade de ajudá-lo a morrer e do dilema que isso traz. Viver as emoções complexas como as vividas pela personagem é ótimo para uma atriz”, afirmou Sophie que já tem 49 créditos no currículo, entre eles o de bondgirl em “007: O Mundo não é o Bastante”, de Michael Apted em 1999.
 
“Está tudo Bem” é mais um título da obra do cultuado diretor francês,  que inova e  surpreende. Como apontou a Variety “o filme é elegantemente escrito, persuasivamente interpretado, e que encontra o sempre imprevisível Ozon na sua forma mais pragmática como cineasta”.