Nas Telas - "A Terra negra dos Kawa" tem estreia no circuito nacional
     
 

Myrna Silveira Brandão

Publicado em 23.04.23


 O filme segue um grupo de cientistas que faz escavações em terrenos no interior do Amazonas em busca de uma terra preta fértil, usada para fins agrícolas.  Conforme se aproximam do sítio dos indígenas Kawa, notam que a terra adquire poderes energéticos e sensoriais.
 
O ótimo elenco inclui Mariana Lima, Felipe Rocha, Marat Descartes e os Kawa, vividos por atores indígenas da mesma família – Severiano Kedassare, Emerlinda Yepario e os filhos Kay Sara e Anderson Kary-Bayá – da etnia dos Tarianos. O filme também apresenta atores indígenas das etnias Saterés, Tikuna e Tukanos. A produção é da Rio Tarumã Filmes e a distribuição é da Livres Filmes.
 
Nascido em Manaus, o diretor roteirista e produtor é realizador de vários curtas-metragens como “Um Rio entre nós” e “Cachoeira”, que receberam diversos prêmios e foram selecionados para  os festivais de Brasília, Clermont-Ferrand, Tiradentes, Miami, Barcelona, entre outros. Seu primeiro longa-metragem “A Floresta de Jonathas” (2012), esteve em  festivais importantes como o do Rio, o de Rotterdam e o de Praga.  “Antes o tempo não acabava”, seu segundo longa, estreou em Berlim em 2016 e foi premiado como melhor filme no Festival Queer Lisboa. 
 
Em entrevista ao Mccinema, Andrade falou sobre a motivação para ter realizado o filme, a importância do tema e sua expectativa que ele contribua para a causa indígena.
 
Qual a principal motivação que o levou a realizar  “A Terra negra dos Kawa”?
 
SÉRGIO ANDRADE
 
Meu fascínio por cinema de ficção científica e minhas amizades com cientistas do INPA ( Instituto nacional de Pesquisas da Amazônia) que me fizeram conhecer as  potencialidades da terra preta de índio e suas histórias de ancestralidade.
 
Poderia falar um pouco mais sobre a relevância do tema?
 
No filme,  o elemento terra torna-se  uma metáfora muito concreta, entende-se através dele a importância da simbiose entre povos originários e natureza , terra que é responsável pelo alimento e pela saúde mas que também beneficia a todos com sua energia telúrica e sensorial. 
 
Quais contribuições você acha que “A Terra negra dos Kawa” trará para a causa indígena?
 
A reflexão maior é que existe uma coexistência mais que possível entre os povos em relação aos seus territórios e o convívio com outras sociedades, mesmo com a proximidade do contexto urbano, o equilíbrio natural pode se disseminar se houver um planejamento que domine as ambições brancas e a natureza originária.